domingo, 21 de agosto de 2011

Desvendando os Frutos - Bondade



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Continuando nossa série de estudos sobre o Fruto do Espírito, passamos à análise do quinto fruto, a bondade. Em grego, a palavra para bondade é “agathosune”, que também pode ser traduzida como “virtude” ou “beneficência”. A origem desse termo grego é a palavra “agathos”, que significa “bom”. A expressão “agathos” aparece, por exemplo, em Mateus 7.17: “Assim, toda árvore boa (agathon) produz bons (kalous) frutos, porém a árvore má (saprós) produz frutos maus (ponerous)”. Neste versículo, observamos que, no texto grego, há duas palavras diferentes para “bom” e duas palavras diferentes para “mau”. A árvore que é boa (agathon), ou seja, possui uma essência boa, produz frutos bons (kalous), isso porque podem ser utilizados como alimento adequado. Uma árvore só pode ter uma essência boa (agathon) se passar por uma restauração por meio do novo nascimento. Somente após nascer novamente, o cristão poderá produzir frutos que serão utilizados para alimentar a fé daqueles que os recebem.

Por outro lado, uma árvore má (saprós), ou seja, que teve sua boa essência degenerada, será capaz de produzir unicamente frutos maus (ponerous), que serão utilizados não para alimentar, mas para prejudicar por meio de seus efeitos maléficos e sua influência perniciosa. É por esta razão que somente a pessoa que recebe e cultiva os frutos do Espírito pode ser usada na grande seara de Deus, e por esta razão receber a recompensa por seu trabalho.

Em hebraico, utiliza-se para “bondade”, entre outros, o termo “chesed”, como em Gênesis 21.23. O curioso é que esta palavra está relacionada a “chasad”, que significa “dobrar”, como alguém que dobra a cabeça em sinal de respeito a um semelhante. Assim vemos que este fruto se relaciona com a inclinação a ajudar o próximo, respeitando-o como alguém digno de ser bem tratado e auxiliado. Todavia, ao mesmo tempo, a palavra “chasad” também pode significar “reprovação”, como alguém que abaixa a cabeça em sinal de desagrado. Dessa forma, quando dizemos a verdade e reprovamos uma atitude incorreta, estamos expressando bondade para com a pessoa, pois assim ela poderá ser edificada. Hoje, a tendência de ser “politicamente correto” impede que a verdade seja dita e que a pessoa que está errada receba a benção de poder arrepender-se.

A palavra hebraica para bondade (chesed) também se relaciona com “chasiydah”, que significa “cegonha”, pois esta é uma ave abundante em carinho no cuidado com seus filhotes e que alimenta seus pais quando estes já estão idosos. É por esta razão que se contam histórias, de origem alemã e holandesa, de que são as cegonhas que trazem as crianças para os pais. O famoso professor de hebraico Drusius (1550-1616) conta que, durante um incêndio ocorrido na cidade holandesa de Delft, as cegonhas foram vistas voando de um lado para outro na tentativa de salvar seus filhotes. Muitas das aves, não conseguindo salvar sua cria, lançavam-se ao fogo e pereciam junto a elas. Da mesma maneira, o cristão que possui o fruto da bondade (chesed) também deve, como uma cegonha (chasiydah), cuidar de seus filhos espirituais assim como daqueles que os introduziram na fé.

A cegonha é também famosa como uma caçadora e devoradora de serpentes, motivo pelo qual levou Moisés a declará-la como animal impuro para alimentação. Assim também o crente que cultiva o fruto da bondade (chesed) também deve ser, como a cegonha (chasiydah), um devorador de serpentes, pois recebemos de Cristo poder para derrotá-las (Lucas 10.19).

O famoso naturalista romano Plínio conta que, em Tessália, as cegonhas gozavam de grande respeito, pois haviam libertado essa região grega das serpentes que lá habitavam. O interessante é que a cidade de Tessalônica (que significa “vitória dos tessálios”) fica na região da Tessália. Paulo pregou aos tessalonicenses a volta de Cristo com grande veemência. Convém, pois, que hoje, aqueles que possuem o dom da bondade (chesed), façam como as cegonhas (chasiydah) que libertaram os tessalonicenses da opressão das serpentes, anunciando a volta iminente de Cristo e o refúgio (chasah) que há em Jesus, onde podemos ser livres da grande tribulação que está para vir sobre o mundo, sendo, dessa maneira, poupados (chus) da ira divina.

Busque os dons e frutos do Espírito, mas saiba que com eles vem também uma grande responsabilidade, pois “a quem muito é dado, muito será cobrado” (Lucas 12.48).

::Daniel Lopez

Jornalista e doutorando em Linguística na Universidade Federal Fluminense (UFF). É também professor universitário, tradutor e diretor do programa e ministério Desvendando o Original.

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Colaborador do portal Lagoinha.com