sexta-feira, 20 de maio de 2011

Desvendando o Amor



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Em seguimento ao nosso último estudo, que teve como foco o fruto do Espírito, analisamos agora o mais importante dos frutos: o amor. Ao debruçarmos sobre os textos originais, grego e hebraico, percebemos que este fruto guarda uma tremenda força espiritual.

Em grego, amor é “ágape”, termo que também pode significar “afeição”, “benevolência” ou “caridade”. O interessante é que o termo “ágape” deriva-se de “airo”, que significa “levantar”, “suspender” ou “sustentar”. Em Mateus 4.6, essa palavra é usada da seguinte maneira: “Aos seus anjos ordenará a teu respeito que te guardem; e: Eles te susterão (arousin) nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra”. Assim vemos que o amor está relacionado ao sustento. Deus nos ama porque nos sustenta em nossas vidas, provendo tudo o que é necessário para nossa sobrevivência. O próprio Espírito Santo nos sustenta, pois intercede por nós (Romanos 8.26). Da mesma forma, não podemos dizer que amamos nosso irmão se não o sustentamos em sua fraqueza. O próprio Cristo nos deu esse alerta. Aquele que não sustenta seu irmão em sua fome, sede, desabrigo, nudez, enfermidade ou cadeia terá a infelicidade de escutar de Cristo: “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mateus 25.41). Compreender o amor é condição fundamental para se conhecer a Deus e dele obter a vida eterna, pois quem não ama (ou seja, quem não sustenta o seu próximo e é sustentado por Deus) não conhece a Deus, porque Deus é amor (1 João 4.8).

É também esse tipo de amor verdadeiro que nos leva a tomarmos a nossa própria cruz, entregando nossas vidas em benefício do próximo. Todos os cristãos são convidados, pelo próprio Cristo, a negarem-se a si mesmos e tomarem a própria cruz (Mateus 16.24). Inclusive, o verbo usado em Mateus 27.32 quando diz que Simão, o cireneu, foi obrigado a “carregar” a cruz é “are”, flexão de “airo”. Todavia, somente poderemos ser tirados (airo) da escravidão da morte e do pecado se conhecermos e praticarmos o verdadeiro amor (agape), que é sustentar (airo) o próximo, ou seja, dar a vida pelos nossos amigos (João 15.13).

O termo “airo” também pode trazer a ideia de “lançar” ou “remover”, como em Mateus 21.21: Jesus, porém, lhes respondeu: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não somente fareis o que foi feito à figueira, mas até mesmo, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te (artheti) no mar, tal sucederá”. O verdadeiro amor lança fora todo medo, todo obstáculo e todo empecilho (1 João 4.18), pois foi através do amor pela humanidade (João 3.16) que Cristo foi capaz de destruir as obras do diabo (1 João 3.8).

O termo “airo” também pode significar “zarpar”, ou seja, “levantar a âncora”, como em Atos 27.13: “Soprando brandamente o vento sul, e pensando eles ter alcançado o que desejavam, levantaram (arantes) âncora e foram costeando mais de perto a ilha de Creta”. Da mesma forma, quando nascemos de novo em Deus e temos contato com seu verdadeiro amor (1 João 4.7), iniciamos uma viagem, zarpando da terra do pecado em direção à Nova Jerusalém. Nesta viagem, quem conduz o barco é o Espírito Santo, como está escrito: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito” (João 3.8). Aquele que é nascido do Espírito entende o que é o amor, e inicia uma jornada com Cristo para trazer a este mundo o Reino de Deus, cujo fundamento é o amor.

O curioso é que se em grego amor é “ágape”, temos em hebraico o termo “agab”, que significa “amar”, no sentido de “respirar por” ou “desejar”, “estar inflamado”. Assim, vemos que, em hebraico, este amor significa ansiar ardentemente por fazer a vontade de Deus, assim como Paulo que, mesmo diante do perigo de morte anunciado pelo profeta Ágabo (veja que curiosa a semelhança com ‘agab), não recuou, mas disse: “Que fazeis chorando e quebrantando-me o coração? Pois estou pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus” (Atos 21.13). Paulo estava pronto para entregar a vida em favor da causa do Evangelho e em resposta a seu compromisso com Cristo, expresso em 1 Coríntios 9.16: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não pregar o evangelho!” Paulo, que era nascido de Deus, conhecia o verdadeiro amor. Por isso, abriu mão de seus sonhos para fazer a vontade de Deus e entregar sua vida pela humanidade.

Em hebraico, porém, a palavra que é mais usada para se referir ao amor é “‘ahav”. O curioso é que ‘ahav está diretamente relacionada com “‘ohad”, que significa “estar unido”. Aquele que realmente está unido a Cristo faz as obras que ele fez, que foram todas motivadas por um impressionante amor pela humanidade. Assim vemos que o amor não é um sentimento, mas uma ação. O termo “yahav” (que significa “dar”), outra variação de ‘ahav, nos mostra como o amor é um ato de doação. Foi por isso que “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).

Além disso, o termo derivado “yehav” significa “porção” ou “fardo”. Assim, entendemos o motivo pelo qual, em hebraico, os termos “amor”, “fardo”, “jugo”, “dar” e “sofrimento” estão todos relacionados.

Amar é tomar sobre si um fardo que era destinado ao próximo, é dar a vida pelos amigos. Amar é, em suma, conhecer a Deus, estar unido a Ele e fazer Sua vontade.

::Daniel Lopez

Jornalista e doutorando em Linguística na Universidade Federal Fluminense (UFF). É também professor universitário, tradutor e diretor do programa e ministério Desvendando o Original.
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Colaborador do portal Lagoinha.com

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Desvendando o Original - Os Frutos



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Vivemos, definitivamente, em uma época perigosa. O inimigo tem levado muitas pessoas à falsa ideia de que é através dos dons espirituais que identificamos se alguém está em comunhão com Deus. A Palavra de Deus, porém, nos afirma que é pelos frutos (Mateus 7.20) que conhecemos a pessoa que está verdadeiramente conectada à videira verdadeira que é Cristo (João 15.1-8).

Em grego, o termo traduzido por “fruto” é “karpos”, que significa “aquilo que é retirado”, pois se deriva do verbo “harpazo”, que pode ser traduzido como “arrebatar”, como em Atos 8.39: “Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou (herpasen) a Filipe, não o vendo mais o eunuco”. O mesmo termo é usado por Paulo em sua famosa passagem de 2 Coríntios 12.2: “Conheço um homem em Cristo que, há catorze anos, foi arrebatado (harpagenta) até ao terceiro céu”. A mesma expressão aparece em 1 Tessalonicenses 4.17: “Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados (harpagêsometha) juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor”. Em Apocalipse 12.5, temos a mesma palavra: “Nasceu-lhe, pois, um filho varão, que há de reger todas as nações com cetro de ferro. E o seu filho foi arrebatado (herpasthe) para Deus até ao seu trono”. Dessa maneira, vemos que os frutos são elementos que acompanham a vida daqueles que serão levados para junto de Cristo quando for retirado aquilo que impede o mistério da iniquidade de operar com força total (2 Tessalonicenses 2.7-8). Estes que serão levados para junto de Deus, como frutos apanhados em uma colheita, serão livres da grande provação que está para vir sobre o mundo (Apocalipse 3.10).

O termo grego para “fruto” (karpos) também é derivado de “hellomai” que significa “preferir” ou “escolher”, como em 2 Tessalonicenses 2.13: “Entretanto, devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu (heilato) desde o princípio para a salvação, pela santificação do Espírito e fé na verdade”. Temos o grande privilégio de termos sido escolhidos por Deus, uma escolha para que pudéssemos fazer aqui na terra as mesmas obras que Cristo realizou quando fez um tabernáculo entre nós. Somos chamados não para vivermos uma vida relaxada e tranquila, mas fomos escolhidos para trabalhar na grande seara do Senhor, na qual faltam trabalhadores (Mateus 9.37).

O termo grego “karpos” (fruto) também se relaciona a “airo”, que significa “levantar” ou “tomar”, como em Mateus 11.29: “Tomai (arate) sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma”. Aquele que toma sobre si o jugo de Cristo e segue seus passos será também tomado por Cristo e levado aos ares para celebrar com Ele as Bodas do Cordeiro.

Em hebraico, o termo geralmente traduzido por “fruto” é “periy”. Essa palavra também pode significar “recompensa”. O cristão somente pode dar fruto se trabalhar na vinha do Senhor, como na parábola dos trabalhadores da vinha (Mateus 20.1-16). Independente da hora em que for contratado, ele receberá a recompensa por seu trabalho, que é o fruto de seu labor. Trabalhar na vinha de Cristo e Dele receber sua recompensa é, verdadeiramente, estar em comunhão com Cristo.

O termo hebraico para fruto (periy) também está diretamente ligado às ideias de “quebrar” (pur) e “separar” (paraz). Isso porque uma pessoa somente pode dar fruto se quebrar (pur) todos os tipos de concepções que possui e deixar que Cristo mostre a ela o que é bom, perfeito e agradável (Romanos 12.2). Agindo assim, o verdadeiro cristão se separa (paraz) do mal e é separado por Deus para uma soberana vocação que há em Cristo Jesus (Filipenses 3.14).

Um dos ancestrais de Cristo possuía um nome que vem dessa mesma raiz. Seu nome era Perez (Gênesis 38.27-30). Quando estava para nascer, achou caminho (paratsta) e, passando à frente de seu irmão gêmeo, saiu do ventre de sua mãe em primeiro lugar, brotando como um fruto (periy) maduro. Por isso foi chamado Perez (parets). Ele, como um fruto que brota, adquiriu o direito à primogenitura e à herança que lhe cabia. Da mesma forma, o fruto é aquilo que brota e acha caminho para sobressair na vida do cristão que verdadeiramente é um trabalhador na vinha de Cristo. Estes que assim procedem e geram frutos são os escolhidos, pois muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos (Mateus 22.14).

Outra ocasião em que esse termo aparece é quando Daniel desvendou o recado que a mão misteriosa havia escrito na parede de Belsazar. O profeta Daniel interpreta o termo “parsim” (pharsiyn) da seguinte maneira: “Dividido (periysath) foi o teu reino e dado aos medos e aos persas (pharas)” (Daniel 5.28). Aqui vemos que o termo hebraico para fruto (periy) também se relaciona com as palavras “dividido” (periysath) e “Pérsia” (pharas). Isso nos leva a pensar sobre os dois tipos de fruto que existem: o fruto do Espírito, que nos torna separados para Deus, e o fruto da carne, que separa aquele que os produz para o julgamento. Na ocasião da passagem de Daniel, o reino da Babilônia havia plantado tanta destruição e perversidade, a ponto de utilizar os utensílios sagrados do templo de Jerusalém em uma festa profana e pagã (Daniel 5.1-5). Por esta razão, tendo produzido frutos (periy) da carne, Deus separou (peras) o reino da Babilônia para o julgamento (parets), de modo que este reino foi dividido (periysath) e dado aos persas (pharas).

Outra palavra relacionada com “periy” (fruto) é “purah”, que significa “prensa do vinho” ou “lagar”. Isso nos leva a concluir que é somente quando o cristão é prensado e esmagado (pur) pelas circunstâncias da vida e pelos ataques do inimigo que ele se torna um lagar (purah) de onde brota o puro fruto da vide. Somente quando o cristão passa a ver o fruto (periy) em sua vida é que ele consegue se separar (paraz) do mal, esmagar (pur) a força do pecado e produzir um vinho puro como o de um lagar (purah) administrado pelo verdadeiro lavrador, que é o Pai (João 15.1).

Não se engane: é pelos frutos, e não pelos dons, que seremos conhecidos por Cristo. Busque os frutos e o próprio Cristo o limpará para que você possa produzir ainda mais frutos para o engrandecimento do Reino de Deus.

::Daniel Lopez

Jornalista e doutorando em Linguística na Universidade Federal Fluminense (UFF). É também professor universitário, tradutor e diretor do programa e ministério Desvendando o Original.

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