sábado, 24 de agosto de 2013

1 Samuel – Aula 20



1-    21.11 Rei de sua terra (Hb. melekh hâ'ârets). Em hebraico, “rei da terra”, que pode ser entendida como o planeta (Gn. 1.1).
2-    Os filisteus reconhecem Davi como rei, enquanto o próprio povo de Israel ignorava tal realidade.
3-    21.11 Cantava (Hb. ya’anu). Soa semelhante a ye’annu, “humilhava” ou “afligia” (Êxodo 1.12 e Salmos 94.5).
4-    Ou seja, a fama se espalhou até à terra dos filisteus, de modo que Davi viu o alto preço que se paga por ser famoso. Somos conhecidos pelos filhos de Deus, mas também pelos filhos das trevas.
5-    21.12 Estas palavras (Hb. haddevariym hâ'êlleh). Soa muito parecido com haddevoriym hâ'âlâh, “abelhas da maldição”.
6-    Aquelas palavras eram como abelhas que aferroavam Davi. O cântico, que antes era de elogio, tornou-se agora motivo de maldição ('âlâh) e aflição (ye`annu).     
7-    21.12 Guardou... considerando consigo mesmo (Hb. vayyasem... bilvavo). O verbo guardar (Hb. sum) pode ser traduzido como “enviou” (Êxodo 15.26), e levav significa “coração”. Ou seja, “Davi enviou aquelas palavras ao seu coração”.
8-    21.12 Teve muito medo de Aquis (Hb. vayyirâ' me'odh mippenêy 'âkhiysh). “Temeu muito a face daquele que aterroriza”, ou “temeu muito diante daquele que é apenas um homem”.    
9-    21.13 Se contrafez (Hb. vayshanno). “Ele se alterou”. Soa muito semelhante a veyâshnu (“durmam”) e a vayyishnu (“repetir”).
10-                     21.13 Seu comportamento (Hb. tha`mo). Pode ser traduzido como “seu gosto” (Números 11.8).
11-                     Assim como fez Davi, temos que deixar de apreciar as coisas de Gate, e não termos medo de nos fazermos de loucos perante os filisteus.
12-                     21.13 Deixava correr saliva pela barba (Hb. vayyoredh riyro 'el-zeqâno). Os comentaristas Jamieson, Fausset, and Brown explicam que o ato de sujar a barba era considerado tão indigno que somente um louco poderia fazer aquilo.
13-                     Simbolicamente, segundo o Rabbi Aron Moss, a barba tem uma grande importância para o judeu, inclusive de natureza cabalística. As mãos, por exemplo, simbolizam a capacidade de dar e receber. Os pés, a capacidade de progredir.
14-                     A barba, por sua vez, representa a capacidade do homem de fazer com que seus pensamentos fluam para seu corpo, para que sua mente se conecte ao coração, como a barba que sai da cabeça e desce para o restante do corpo.
15-                     A barba é a ponte entre a mente e o coração, entre os pensamentos e ações, teoria e prática, boas intenções e boas ações.
16-                     Além disso, a barba servia para diferenciar o judeu dos demais povos pagãos, que raspavam a cabeça ou cortavam seus cabelos de forma totalmente redonda.
17-                     Para a cabala, a barba também representa a conexão entre a força divina que desce até à alma humana.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

1 Samuel – Aula 19



1-    20.30 Filho de mulher perversa e rebelde (Hb. ben-na`avath hammarduth). O curioso é que o termo “rebelde” (Hb. marduth) vem de marad, que tem a mesma origem que Maria (Gr. Μαρία), que é a versão que de Miriam (Hb. miryam), cuja raiz significa “amargura”, “rebelde”, “enfurecida”, “pingo” (Hb. mar).
2-    Aos olhos do mundo, Jônatas e Jesus eram filhos bastardos. Aos olhos de Deus, eram presentes dado por Ele à humanidade.
3-    20.31 Manda buscá-lo. Segundo Matthew Poole, Saul tenta lançar em Jônatas o veneno que estava sobre ele: culpar Davi pela perda do reino. Porém, sabemos que Jônatas nunca chegaria a ser rei não pela artimanha de Davi, mas pelo próprio pecado de Saul.
4-    20.33 Atirou-lhe a lança. Saul estava de tal modo endemoninhado que intentou contra a vida de seu próprio filho.
5-    20.34 Muito sentido (Hb. ‘atsab). Significa “triste”, “pesado”, “de luto”. Com a decadência moral e espiritual de seu pai e a injustiça que Saul estava prestes a fazer com Davi.
6-     20.35 Levou consigo um rapaz (Hb. vena`ar qathon `immo). O curioso é que a expressão “consigo” (Hb. ‘immo) soa muito parecido com “seu povo” (‘ammo – Gênesis 49.16). Ou seja, todos estavam contra a verdade e contra Jônatas e Davi. Depois daquele dia, com a fuga de Davi, Jônatas estaria sozinho como defensor da verdade. Seu povo se resumiria ao pequeno jovem que levou consigo. Ser um defensor da verdade é, muitas vezes, sentir-se completamente só, como Elias no Monte Sinai.
7-    10.36 Que eu atirar (Hb. 'asher 'ânokhiy moreh). O verbo atirar (Hb. yarah), na conjugação aqui utilizada (moreh) também pode ser traduzido como “ensinou” (2 Reis 17.28) ou “chuva” (Joel 2.23). Soa muito parecido com “navalha” (morah – Juízes 16.17) ou “medo” (morah – Salmos 9.20).
8-    A flecha lançada (moreh) por Jônatas ensinou muitas coisas a ele e a Davi sobre o alto preço que o verdadeiro homem de Deus vai pagar nesta Terra.
9-    Esse desligamento de Davi do exército de Israel, esse corte, semelhante ao de uma navalha (morah), trouxe medo (morah) tanto a Davi como a Jônatas, mas eles experimentaram a chuva (morah) de Deus em suas vidas mesmo em meio ao mais profundo deserto pelos quais passariam.
10-                     20.37 Mais para lá (Hb. vahal'ah). Este termo (Hb. hale’ah) pode ser traduzido como “além”, “em diante” ou “longe”. Com este código dado por Jônatas, Davi entendeu que deveria ir embora, deixando tudo aquilo que havia consquistado nos últimos tempos: a honra, o respeito, o posto como oficial, a esposa e o prestígio. Porém, aquilo era necessário para ele desenvolver sua fé e seu chamado como rei, indo mais longe em sua intimidade com Deus e sua preparação para exercer aquela grande vocação divina que havia em sua vida.
11-                     O interessante é que a expressão “para lá” (hale’ah) está relacionada com as palavras “glorioso”, “famoso”, “louvado” (Hb. tehillah); “celebração”, “festa” (hillul); “brilho” ou “tenda” (‘ahal); “diamante” (yahalom).
12-                     Ou seja, no código que Jônatas ordenou a Davi que fugisse, ele também estava dizendo: “Fuja, mas não perca a fé. Você será glorioso, famoso, louvado e celebrado. Haverá uma festa quando o ministério de Deus em sua vida for cumprido. Você habitará no deserto, em tendas, mas brilhará e será forte e precioso como um diamante!”.
13-                     O curioso é que todos os termos acima também se relacionam com a palavra “louco” (Hb. halal). E foi se fingindo de louco que Davi evitou sua morte na mão de Aquis, rei de Gate, uma das cinco cidades reais dos filisteus (1 Samuel 21.13).
14-                     20.39 Deste ajuste (Hb. haddabhâr). A expressão “o ajuste” ou “o assunto” (Hb. haddabhâr) soa muito parecido com “praga” (Hb. haddebher – Deuteronômio 28.21).
15-                      Somente Jônatas e Davi tinham consciência das sérias consequências que e rebeldia de Saul traria a toda a nação de Israel, por ter desobedecido a lei de Deus, ficando, portanto, sujeitos às maldições de Deuteronômio 28.15-46.  
16-                     20.41 Em terra (Hb. 'artsâh). Essa expressão soa muito semelhante com “eu aceitarei” ('ertseh - Ezequiel 20.41) e “eu fugirei” ('ârutsâh - 2 Samuel 18.22).
17-                     20.42 Descendência (Hb. Zera'). A palavra se relaciona a zara', a "semear", "espalhar semente". Davi e Jonatas, com suas vidas, estavam semeando algo muito forte e importante na vida de Israel: temor a Deus, obediência ao Senhor e santidade.
18-                     20.43 Entrou na cidade (Hb. 'Iyr). Associado a 'ar, "agitação", "angustia", "inimigo". Davi fugir de seus perseguidores, enquanto Jonatas voltou para a cidade e teve que lidar com seus falsos amigos, e todo o terror que envolvia aquela conspiração diabólica que se havia implantado na nação de Israel.
19-                     21.1 Nobe (Hb. Nov, "lugar alto"). Relaciona-se com o termo nabab, que significa "oco". Curiosamente, é um dos termos usados para falar do altar do holocausto (Êxodo 27.8). Pode ser traduzido também como estúpido, ou seja, o homem que é oco. Mas o oco será sábio quando o filho do asno nascer homem (Jó 11.12).
20-                     O curioso é que Nobe (Hb. Nob, "local elevado") é o local de habitação dos profetas (Hb. Nevi'im), ou seja, "aqueles que prosperam" (Hb. Nuv), ou "aqueles que dentro de si há uma frutificação".         
21-                     21.1 Aimeleque (Hb. 'achiymelek). “Meu irmão é rei”.
22-                     21.3 Cinco pães (Hb. chamesh). O termo chamesh (cinco) é semelhante a chamush, "armado", "arregimentado", "vanguarda", em formação de combate, ordenados para a batalha em grupos de cinco homens armados. A palavra pão em hebraico (lechem), é quase a mesma palavra para "luta" (lacham).
23-                     21.4 Pão comum (Hb. Chol). Ao mesmo tempo simbolizava "não tenho alimento comum, profano, como areia no deserto, algo sem valor" como "não tenho uma luta comum, mas somente uma luta santa". Coisas que imperam nas igrejas hoje: uma palavra comum, que é como areia no deserto, não tendo nada de especial, assim como lutas que não são santas, mas somente lutas comuns, humanas e profanas.
24-                     21.6 Pães da proposição (Hb. Paniym, "faces"). Ou seja "pão das faces". Ao comer aquele pão, o sacerdota entrava em comunhão com Deus, "entrarei e cearei com ele".
25-                     21.6 Trocado por pão quente (Hb. chom). O frio não pode permanecer na presença de Deus, ele precisa ser trocado pelo quente.

26-                     21.10 Aquis (Hb. 'Akiysh = "Eu denegrirei (ou aterrorizarei)" ou "somente um homem").              

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

1 Samuel: Aula 18



1-    19.2 Lugar oculto (Hb. séther). Palavra que aparece pela primeira vez na Bíblia em Deuteronômio (13.6; 27.15; 27.24), referindo-se a pessoas que escondiam seus ídolos em locais secretos. O curioso é que na própria casa de Davi havia um ídolo escondido, e esse ídolo o ajudou na fuga. Será que isso foi uma brecha na vida de Davi?
2-    19.4 Não peque (Hb. chata’). Se relaciona com chut, que significa “fio” ou “corda”. Ao mesmo tempo em que cordas são usadas para amarrar como para medir distâncias. Neste caso, a distância de afastamento da Palavra de Deus.
3-    19.5 Grande livramento (Hb. teshu`ah ghedholâh). Pode ser traduzido como “grande salvação”. A palavra “salvação” (teshuâh) tem a mesma raiz do nome Jesus (yehoshua). Mais um ponto de contato entre Davi e Jesus.
4-    19.5 Inocente (Hb. naqiy). Relacionado a yanaq, (“amamentar”). Inocente como uma criança de colo, que ainda é amamentada.
5-       19.5 Sem causa (Hb. chinnam). Relacionado a chen, “graça”. Ou seja, “de graça” ou “gratuitamente”.
6-    19.6 Atendeu (Hb. vayyishma`). O termo é shama’, “dar ouvidos”, no sentido de “obediência”. Relacionado a shoma’, “fama”. Quem obedece fica famoso como homem de Deus. O desobediente cria a fama de rebelde.
7-    19.6 Voz de Jônatas (Hb. qol yehonathan). A palavra voz (qol) é semelhante a qalon (“escândalo”, “vergonha”, “repreensão”).
8-    19.6 E jurou (Hb. vayyishâbha`). Relacionado a “sete” (sheva) e a “semana” (shevu’ah). O juramento de Saul durou muito pouco, como se fosse apenas uma semana.
9-    19.7 Como dantes (Hb. ke'ethmol shilshom). Literalmente, “como ontem três dias”. Dourou pouco a bondade de Saul para Davi, período curto como três dias. Assim são as promessas e juramentos dos ímpios.
10-                     19.9 Davi ataca o inimigo, e o contra ataque vem logo em seguida, através do espírito maligno que habitava em Saul.   
11-                     19.9 Espírito maligno (Hb. ruach ra’ah). Soa semelhante a “uma direção que pastoreia” (ruach ro’eh).
12-                     19.9 Lança (Hb. chaniyth). Relacionado a chanah (“inclinar-se”, “curvar-se”) e a chanan ("ser gracioso" ou "ser repugnante").
13-                     19.11 Mensageiros (Hb. mal'ahiym). Mesma palavra que é traduzida por “anjos”. Saul (“o oculto”, she’ol) mandou anjos caídos assassinos atrás de Davi (“o amado”).
14-                     19.11 Mical (Hb. Miykhal). “Riacho”, “águas rasas”. Pessoa rasa, com pouco discernimento espiritual, tanto que buscava a ajuda dos demônios para tratar sua infertilidade, como os terafim que mantinha escondidos em sua casa.
15-                     19.13 Ídolo do lar (Hb. teraaphiym). Relacionado ao termo raphah (“curar”, “médico”, “sarar”) e a rapha’ (“morto”). Um ídolo relacionado à cura através da comunicação com os mortos. Por isso, Segundo o comentário de Keil & Delitzsch, Mical mantinha um ídolo para ajudá-la em sua infertilidade, assim como havia feito Raquel (Gênesis 31.19).
16-                     19.13 Pelos de cabra (Hb. ‘izziym). Plural de ‘az, de ‘azaz, relacionado a ‘aza’zel, o “bode expiatório” (Levítico 16.8). Na mitologia, um demônio semelhante ao fauno, com uma união de características humanas e de cabra. Relacionado a baphomet, ou o “bode de Mendes”.
17-                     Quem se inclina para Deus, tona-se gracioso e usa sua lança para fazer o bem. Aquele que se inclina para o mal, torna-se repugnante e usa sua lança para matar.
18-                     19.13 Manto (Hb. beged). Pode significar "desonestidade" ou "engano".
19-                     19.22 Poço (Hb. bor). Procede de bur (“tornar claro”, “clarificar”, “explicar”, “provar”). Ali, Deus provou novamente a Saul que ele estava no caminho errado, deu-lhe mais uma chance de arrependimento.
20-                     19.22 Seco (Hb. Seku). Significa "sobrepujar". Ali, mesmo contra a vontade de Saul, a vontade de Deus dominou e sobrepujou a ira do rei desviado.
21-                     19.24 Despiu sua túnica (Hb. Beged). A mesma palavra utilizada para o manto que Mical colocou sobre o ídolo.
22-                     Significa "desonestidade" ou "engano". Mesmo contra sua vontade, Saul se despiu de toda desonestidade e engano, pelo poder do Espírito Santo.
23-                     19.24 Deitado (Hb. Naphal). Pode significar também "falhar" ou "ficar aquém". Relacionado a nephilim, os anjos caídos.
24-                     19.24 Em terra (Hb. 'Arum). Pode significar "nu", "descoberto", "astuto", "sagaz", "sensato" ou "prudente".
25-                     20.1 Culpa (Hb. 'Avon). Significa "perversidade", "depravação".
26-                     20.5 Campo (Hb. Sadeh). Tem mesma origem que shed ("demônio"), relacionado a shud, "destruir", "arruinar", "devastar".
27-                     20.19 Ezel (Hb. 'Ezel). "Partida". Vem de 'azal, "estar consumido, exausto, desaparecido, evaporado".
28-                     20.20 Flecha (Hb. Chets). Relacionado a chatsats ("dividir", " ser cortado", "ser eliminado").
29-                     20.28 Pediu encarecidamente (Hb. sha'al). Termo diretamente relacionado a sha'ul, Saul.
30-                     20.30 Vergonha (Hb. Bosheth). Saul diz que seu filho Jônatas (Hb. Yehonathan, "presente de Yaweh) está trazendo vergonha para ele.
31-                     Mas a vergonha (Hb. Bosheth) veio por meio do outro filho de Saul, que seguiu os caminhos pecaminosos de orgulho e arrogância de seu pai: Isbosete (Hb. 'Iysh-Bosheth, "filho da vergonha").

32-                     O filho de Jonatas, pelo contrário, foi Mefibosete, ou seja, "exterminando a vergonha" ou "despedaçando o ídolo".   

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

1 Samuel – Aula 17


1-    17.37 Leão (Hb. 'ariy). Relacionado a 'arah, "colher", "juntar", "reunir", através da ideia de "violência".
2-    Relacionado a rahah, "temor", "medo".
3-    O contato de Davi com o Leão o ensinou o que era o medo, como lidar com ele e como superá-lo.
4-    Davi estava acostumado a lidar com o medo. Ele aprendeu a confiar no Senhor.
5-    Saul, pelo contrário, foi vencido pelo medo.
6-    Carlos Drummond de Andrade:

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte, depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
(Antologia Poética – 12a edição - Rio de Janeiro: José Olympio, 1978, ps. 108 e 109).
 
7-    Saul foi tomado pelo medo. E o medo o levou à loucura, como uma doença que tomou seu espírito, assim como no pesadelo de Raskolnikov (Dostoiévski, Crime e Castigo):

Parecia-lhe então ver o mundo assolado por um flagelo Terrível... Uns seres microscópicos... introduziam-se nos corpos... Os indivíduos infectados ficavam logo doidos furiosos. Todavia... nunca os homens se julgaram tão sábios, tão seguros da verdade... Nunca tinham tido mais confiança na infalibilidade dos seus juízos, na solidez das conclusões científicas e dos princípios morais. Aldeias, cidades, povos inteiros eram atacados pela doença e perdiam o juízo, não se compreendendo uns aos outros. Cada qual julgava saber, ele só, a verdade inteira... Ninguém se entendia sobre o bem e o mal, nem sabia quem se havia de condenar ou absolver. Matavam-se uns aos outros levados por uma raiva absurda... Ninguém sabia e todos andavam inquietos. Cada um propunha as suas ideias, as suas reformas e não havia acordo... Aqui e ali se reuniam vários grupos, combinavam uma ação comum, juravam não se separar - mas logo depois esqueciam-se da resolução tomada, começavam a acusar-se uns aos outros, a bater-se, a matar-se. Os incêndios e a fome completavam o triste quadro. Homens e coisas, tudo perecia. O flagelo estendia-se cada vez mais. No mundo só podiam salvar-se alguns homens puros, predestinados a refazer a humanidade, a renovar a vida e a purificar a terra; mas ninguém via esses homens; ninguém ouvia suas palavras e suas vozes.

8-    O filme Blow-up, do italiano Michelangelo Antonioni, também faz uma excelente reflexão sobre a loucura.
9-    O filme, de 1966, foi baseado num pequeno conto de Julio Cortázar, Las Babas del Diablo, publicado em 1959.
10-                     O filme conta a história do envolvimento acidental de um fotógrafo com um crime de morte.
11-                     No filme Cidade dos Sonhos, de David Lynch, por exemplo, há um trecho em que as personagens principais vão a um clube de música chamado Silêncio, e o apresentador diz “não há banda, mas, ainda assim, ouve-se a música”.
12-                     Na Utopia, de Thomas Morus, o nome do rio se chama “Anidro” (ou seja, “sem água”), assim como nas Vinte Mil Léguas Submarinas de Júlio Verne, o capitão do submarino se chamava Nemo, que em latim significa “ninguém”.
13-                     São exemplos do irreal que vêm à tona quando a insanidade toma posse da mente humana. O louco tem certeza de que tudo que pensa existe e é real, mas não passam de ilusões.
14-                     A mente de Saul de tornou um mar de ilusões, fantasias, loucura e violência.    
15-                     18.1 Acabando (Hb. kehallotho, de kalah). A raiz primitiva é kal (Lk), formada pela mão fechada que traz a ideia de “submeter-se” e o cajado que representa autoridade. O termo, portanto, está relacionado a um recipiente que contém objetos ou líquidos, à completude e à “domesticação” de animais.
16-                     O interessante é que o termo kalah (“acabar”) está relacionado a kilyah, que significa “rim” (Êxodo 29.13), órgão que, para a cultura hebraica antiga, representava o local das emoções.
17-                     Segundo um artigo publicado na Revista Americana de Nefrologia (ou seja, a área médica que estuda os rins), o rim sempre foi associado à consciência é à reflexão (History of Nephrology 2 p. 235 by International Association for the History of Nephrology Congress, Garabed Eknoyan, Spyros G. Marketos, Natale G. De Santo - 1997; Reprint of American Journal of Nephrology; v. 14, no. 4-6, 1994).
18-                         O Talmude (Berakhoth 61.a), livro que reúne comentários judaicos, um dos rins ajuda o homem, através de sensações por ele geradas, a identificar aquilo que é mau e o outro a identificar o que é bom.
19-                     Vejam que interessante o que dizem as seguintes passagens:

Cesse a malícia dos ímpios, mas estabelece tu o justo; pois sondas a mente (kilyah, ou seja, “rim”, como na KJV) e o coração, ó justo Deus (Salmos 7.9).

Matarei os seus filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes (nephros) e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras (Apocalipse 2.23).

20-                     Ou seja, ao final da conversa de Saul com Davi, Jônatas, que acompanhou o diálogo, passou a ter uma elevada estima por Davi.
21-                     Jônatas era um excelente soldado, e super corajoso, pois havia até mesmo desafiado, sozinho, o exército dos filisteus (1 Sa 14:1-52).
22-                     O comentarista David Guzik explica que Jônatas ouviu Davi falar sobre seu coração, seu temor a Deus e sua fé no Eterno.
23-                     Naquele momento, quando Davi acabou (kalah) de falar, Jônatas viu que eles tinham um mesmo coração e percebeu, espiritualmente, que ele seria o próximo rei de Israel.
24-                     18.2 Não permitiu. A partir daquele dia Davi nunca mais seria apenas um pastor, agora ele era um soldado que cuida de seu país como um pastor que zela por suas ovelhas.
25-                     18.3 E fizeram aliança (Hb. vayyihroth beriyth). Literalmente, a expressão “fizeram” (karath) significa “cortaram”, e o termo aliança (beriyth) é muito semelhante a “sabão” (boriyth – Jeremias 2.22).
26-                     Ou seja, Davi e Jônatas “dividiram o sabão”, de modo que ambos iriam limpar de seus corações toda competição, inveja e ciúme, já que Jônatas era o próximo rei pelos olhos humanos, e Davi o próximo rei aos olhos de Deus.
27-                     Dois conceitos que caminham juntos: amor (‘ahavah) e aliança (beriyth). Um prenúncio da obra de Cristo na cruz.
28-                     18.4 E Despojou-se (Hb. vayyithpashéth). O verbo pashat é muito curioso. Pode ser traduzido como “improviso”, “golpe” (Juízes 9.44) ou “invadir” (1 Samuel 23.27).
29-                     O que Jônatas fez foi algo que aos homens pareceu como improviso, um golpe à tradição. Mas com tal atitude, Jônatas invadiu o sobrenatural e deu um golpe fatal na rebelião que o inimigo poderia lançar sobre sua vida. 
30-                     Relaciona-se a pash (“transgressão”), a pashach (“pedaços”), pashchur (“liberação”). Aos olhos humanos, Jônatas cometeu uma transgressão, quebrando seu futuro em pedaços. Mas, na verdade, liberou algo muito poderoso no mundo espiritual, pois deu um grande exemplo de humildade e temor a Deus, fazendo em pedaços seu ego em favor da vontade do Deus soberano.
31-                        18.4 Deu a Davi. Jônatas neste momento abriu mão de sua coroa e a entregou a Davi, que reconheceu ser não apenas o homem mais preparado para reinar, mas aquele que o Senhor havia escolhido.
32-                     18.4 Capa (Hb. meiyl). Procede de ma’al, “esconder”, “agir secretamente”, “trair”, “prevaricar”, “pecar”, “transgredir”, “rebeldia”. Ou seja, Jônatas abriu mão de tudo isso quando deu sua capa a Davi. Davi, pelo contrário, ao receber a capa, e junto consigo a grande responsabilidade que acompanha o ministério do rei, atraiu para si todos estes atos maliciosos por parte daqueles que com ele viveriam.
33-                     Capa (me’iyl) em hebraico também se relaciona a jugo (‘ol). Jônatas retirou de sobre si o jugo da rebeldia e passou a Davi o jugo de um reinado justo e santo.
34-                     18.4 Armadura (Hb. mad). Curiosamente, mad também pode ser traduzido como juízo (Juízes 5.10). Davi, ao receber a armadura, trouxe sobre si o poder de trazer juízo sobre os filisteus, mas também trouxe juízo sobre sua própria vida, pois a quem muito é dado, muito lhe será cobrado. No futuro, Davi pagaria muito caro por erros que cometeria.
35-                     Ele seria constantemente medido (Hb. madad) pelo parâmetro da santidade exigida por Deus a seus servos.
36-                      18.4 Espada (Hb. chereb). Instrumento de desolação. Relacionado a charab, “destruir”, “esgotar”, “secar”, “assolar”, “ruína”, “deserto”.
37-                     18.4 Arco (Hb. qesheth). Vem de qashah, que significa “denso”, “severo”, “cruel”, “teimoso”. Tudo aquilo que Saul se tornou e Jônatas recusou ser.
38-                     Também se relaciona a qosh, “armar uma cilada”, “armadilha”. Aquilo que Saul fez com Davi e Jônatas recusou a perpetrar.
39-                     18.4 Cinto (Hb. chagor). O cinto que fica em volta da cintura para guardar as armas. Relacionado a chagar, “espanto”, “medo”, como aquele que está cercado. Saul temia muito a Davi, com receio de perder seu trono.
40-                     Jônatas, porém, preferiu amá-lo, reconhecendo a autoridade divina em sua vida.
41-                     Davi não poderia receber a armadura de Saul, pois esta não se adequava a ele em tamanho e principalmente em espírito e propósito. Mas Davi poderia receber a armadura de Jônatas, pois era adequada em tamanho e em propósito.
42-                     Davi e Jônatas amavam mais a Deus do que ao trono de Israel.
43-                     18.5 Saía (Hb. vayyêtsê'). Também traz a ideia de “vir à tona”, “brotar”. Davi começou a brotar e a unção de Deus em sua vida passou a ser reconhecida por todo o povo.
44-                     Mas Davi, ao vir à tona (yâtsâ') também mostrou o excremento (tsô'âh) espiritual que havia na vida de Saul, a malignidade que governava seu coração e sua alma.   
45-                     18.5 Sobre tropas. Uma promoção de patente muito impressionante para um homem que beirava os 20 anos de idade.
46-                     18.5 Até dos próprios servos de Saul. Davi passou a ser respeitado e honrado até mesmo pelos soldados de Saul, não porque era um bajulador, mas porque vivia como um homem segundo do coração de Deus.  
47-                     18.6 Mulheres cantando. O comentarista David Guzik faz belas observações neste ponto. Isso era um teste, em que o inimigo queria derrubar Davi, mas no qual Deus pretendia edificá-lo. Davi nunca recebeu este tipo de louvor quando cuidava de suas ovelhas, nem delas nem de seu pai.
48-                     Davi estava encarando, pela primeira vez, o desafio do sucesso. Mas como Davi ficava tão feliz em cuidar de suas ovelhas mesmo sem qualquer tipo de elogio, ele soube lidar com a popularidade.
49-                     Davi aprendeu a viver para o Senhor, e não para o povo. 
50-                     18.8 Saul se indignou. O que mostra sua fraqueza e o medo, pois sabia que Deus já o havia rejeitado.
51-                     Saul deveria estar feliz, pois o povo deu-lhe mais elogios do que merecia, pois ficou sentado covardemente durante 40 dias com medo de Golias. Que grande humilhação para um rei.
52-                     18.10 O mesmo espírito maligno de 16.14 voltou a atormentar Saul.
53-                     Davi mostra sua humildade ao tocar harpa para Saul, mesmo já sendo general do exército.
54-                     Contraste: enquanto Davi tinha uma harpa em suas mãos, Saul segurava uma lança.     
55-                     18.11 Encravarei a Davi (Hb. 'akkeh bhedhâvidh). A expressão “a Davi” (bhedhâvidh) tem grafia muito semelhante a “na panela” (bhaddudh – 1 Samuel 2.14). Isso porque ambas as palavras se relacionam ao calor. Em Davi, havia o calor do amor e o calor da panela. Davi era como uma panela, cheia de amor por Deus e de zelo pela Palavra do Senhor.
56-                     18.11 Duas vezes. Davi se desviou não somente da lança física, mas da lança da ira, da revolta e da amargura.
57-                      18.12 Temia (Hb. vayyirâ', de yare’). Soa muito parecido com a expressão “discerniu” (vayyar' - Juízes 6.22). Saul, por meio de uma orientação maligna, discerniu que deveria matar Davi, assim, acreditava que impediria o cumprimento da Palavra de Deus: que Deus o havia rejeitado e já escolhera outro rei.  
58-                     18.13 O afastou... chefe (Hb. sur... sar). O curioso é que, em hebraico, o verbo “afastar” (sur) soa muito parecido com a palavra “chefe” ou “príncipe” (sar).
59-                     Saul pretendeu afastar (sur) Davi não para honrá-lo como chefe (sar), mas para prendê-lo (‘asar) em uma armadilha, deixando-o cativo (‘asiyr) nas mãos dos filisteus, para que ficasse preso em grilhões (‘esur) e se apartasse (yasur) de qualquer possibilidade de substituir Saul.  
60-                     Davi, porém, ao ser nomeado chefe (sar), mostrou que era o homem mais preparado para conduzir o governo (misrah) de Israel, sendo como uma serra (massor) que desbaratava o exército inimigo e era usado para corrigir (yasar) os erros e pecados do povo.
61-                     Saul nomeou Davi como chefe (sar) para destruí-lo, mas Davi cantou (shar) muitas vitórias.
62-                     18.14 Lograva bom êxito (Hb. maskiyl, “agia com sabedoria” - KJV). Também pode ser traduzido como “didático” (Salmos 32.1) ou “contemplativo”. Davi refletia sobre tudo o que fazia, e consultava a Deus antes de tomar decisões, o que nos ensina como lidar com a fama, a mentira e a conspiração.
63-                     18.15 Vendo (Hb. vayyar'). Soa parecido com “temia” (vayyirâ').
64-                     18.15 Tinha medo (Hb. vayyâghâr). O verbo gur pode ser traduzido como “morar”, “viajar” ou “medo”, como o temor daquele que está em uma terra estrangeira. Saul temia, pois já se sentia estrangeiro em sua própria terra, pois o Senhor já o havia rejeitado.
65-                     A estima de Jônatas X a inveja de Saul. Duas reações diante de um homem com grande talento e grande potencial.
66-                     18.16 Davi poderia ter usado sua popularidade como uma lança contra Saul, mas, como agia com uma sabedoria que vem do alto, permaneceu obediente.
67-                     O comentarista Dale Ralph Davis ressalta que o descendente de Davi também tinha facilidade de criar divisões entre pai e filho:

Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á (Mateus 10.35-39).

68-                     Jônatas teria facilmente entendido O que Jesus quis dizer.
69-                     19.1 Saul faz uma reunião top secret para matar Davi, mas a proteção divina o livrou de toda armadilha.
70-                     O capítulo 19 contém 4 episódio em que Deus concede o livramento a Davi.
71-                     19.8 Davi feriu (nakah) os filisteus e eles fugiram (nus).
72-                     19.10 Saul ataca (nakah) Davi novamente, e este é obrigado a fugir (nus) como se fosse um filisteu.