terça-feira, 29 de novembro de 2011

Desvendando os frutos - Mansidão



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Retornamos ao nosso estudo sobre o Fruto do Espírito. Hoje, analisaremos a mansidão. Em grego, a palavra mansidão é “praotes”, que significa “gentileza” e “humildade”. A raiz dessa palavra é “praus”, que significa “suavidade”. Na versão João Ferreira de Almeida Revista e Atualizada, o termo “praotes” é traduzido, em Gálatas 6.1, como “brandura”, e em Tito 3.2, como “cortesia”. Podemos ver esse fruto sendo manifesto em Jesus quando, diante de seus algozes e acusadores, em meio ao espancamento e humilhação, não emite palavra de maldição, mas disse, “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem” (Lucas 23.34). Exige-se um exercício de busca ao Senhor e intimidade com Ele para que alguém possa manifestar este fruto.

Em hebraico, o termo equivalente a “mansidão” é “‘anav”, cuja raiz “‘an” é formada por duas letras: “aiyn”, que significa “olho”, e “nun” que significa “perpetuidade”, “continuidade”, “germinar”. Ou seja, a reunião das letras “aiyn” e “nun” (an), significa “o olhar da continuidade”. No antigo costume judaico, o agricultor nômade dedicava grande atenção ao cuidado de seu rebanho e cereais, olhando e vigiando continuamente sua propriedade.

Era comum construir um abrigo com um telhado sobre quatro postes de madeira para protegê-los do sol, como uma nuvem (‘anan). Ou seja, o humilde é que aquele que tem mansidão ao cuidar de sua propriedade, da herança que o Senhor lhe concedeu por meio do sacrifício de Cristo na cruz, a saber, a vida eterna. Aquele que responde com mansidão ao ato de agressão está, na verdade, fazendo como o nômade judaico, cuidando atentamente de sua herança, pois a falta de mansidão é pecado, erro que faz separação entre nós e Deus (Isaías 59.2). Quando somos mansos, estamos protegendo nossa alma contra o pecado, e garantindo a proteção de nossa propriedade mais valiosa, nossa alma, como está escrito: “Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” (Mateus 16.26). Quando respondemos a uma agressão com outra agressão, estamos corrompendo nossa alma e vivendo o versículo que “um abismo chama outro abismo” (Salmo 42.7). Quando não perdoamos, não somos perdoados (Mateus 6.15). Quando somos mansos, o perdão chega facilmente, e nossa alma permanece imune ao poder do pecado.

Em hebraico, a palavra para mansidão (‘anav) possui uma gama de outros termos relacionados que anunciam profundas verdades espirituais sobre esse fruto do Espírito. Um dos termos relacionados é “‘anah”, que significa “aflição”. Isso porque o homem que opta por seguir o caminho da santidade, não se conformar com este mundo, viver a verdade do evangelho, terá aflições nesse mundo, como Jesus anunciou: “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16.33). Se analisarmos o contexto da passagem em que Jesus falou esse versículo, veremos que aqueles que optam pela mansidão, pela obediência a Deus, serão aqueles que passarão pelas maiores aflições. Como é de conhecimento comum, todos os apóstolos, exceto João, foram assassinados, martirizados por optar por seguir Jesus e pregar sua palavra a todo custo. Ou seja, os mansos serão perseguidos, mas a presença de Deus nos garante a paz, como também foi dito: “Eis que chega a hora, e já se aproxima, em que vós sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só, mas não estou só, porque o Pai está comigo.  Tenho-vos dito isso, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (João 16.32-33).

Outra palavra relacionada à mansidão (‘anav) é “ta’aniyth”, que significa “jejum”, pois aqueles que buscam a mansidão somente poderão encontrá-la com uma prática rotineira de jejum e orações. O jejum gera também uma aflição, devido à fome, mas essa aflição também nos gera bom ânimo, pois com ele recebemos poder para vencer o mundo. Foi por meio do jejum que Cristo teve mansidão e poder para vencer satanás do deserto, quando foi tentado (Mateus 4.1-11). 

Outro termo afiliado a mansidão (‘anav) é “‘anan”, que significa “nuvem”. Isso porque o homem que segue a mansidão e guarda sua alma da cominação do pecado e da opressão da raiz de amargura tem, sobre si, a proteção de Deus, como uma nuvem que está sobre ele, escondendo-o à sombra do onipotente, no esconderijo do altíssimo (Salmo 91.1).  

A palavra hebraica para mansidão (‘anav) também se relaciona com “coruja” (ya’anah), pois a coruja é um animal que está sempre com seus grandes olhos abertos em estado de vigia. Assim também é aquele que possui o fruto da mansidão, pois está sempre, como um bom pastor, vigiando e observando seu rebanho, sua herança, sua vida, sua santidade e sua família.

Por fim, outra palavra relacionada com mansidão (‘anav) é o termo “ma’yan”, que significa “fonte”, “manancial”. O manso guarda-se do mal, da ira, da revolta, e assim agindo retém em si a palavra Deus, pois está limpo pela água da palavra (João 15.3). Mas não é apenas um recipiente que guarda a água da Palavra de Deus, mas um manancial de um rio que jorra para a vida eterna, pois quando abre sua boca, palavras de vida fluem de seu interior e levam aqueles que as escutam a um verdadeiro encontro com Cristo.

Busque não somente os dons, mas também o Fruto do Espírito, pois será por meio dos frutos que seremos conhecidos por Cristo (Mateus 7.16).  

::Daniel Lopez
Jornalista e doutorando em Linguística na Universidade Federal Fluminense (UFF). É também professor universitário, tradutor e diretor do programa e ministério Desvendando o Original.

www.desvendandooriginal.blogspot.com / @Daniel_L_Lopez / @desvendandoorig / daniel4310lago@yahoo.com.br

Colaborador do portal Lagoinha.com  

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Um Nome sobre todo nome



Um nome sobre todo nome

Pro 30:4 “Quem subiu ao céu e desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas na sua roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o seu nome, e qual é o nome de seu filho, se é que o sabes?”.

1- Qual é o seu nome? Primeiro o que significa nome em hebraico?

2- Shem - “nome”, “reputação”, “caráter”. Quando Deus muda o caráter de alguém, ele muda seu nome (Abrão-Abraão; Jacó-Israel; Oséias-Josué).

3- Conhecer o caráter de Deus e conhecer seu nome é a mesma coisa. “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome...” (2 Crônicas 7.14). Esse povo conhecia o nome e o caráter de Deus.

4- Deus revelou seu nome a Moisés. “Disse Moisés a Deus: Eis que, quando eu vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós outros; e eles me perguntarem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE EU SOU” (Êxodo 3.13-14).

5- “Vai, ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O SENHOR (Yehovah), o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me apareceu, dizendo: Em verdade vos tenho visitado e visto o que vos tem sido feito no Egito” (Exo 3:16).

6- Para termos o caráter de Deus, temos que conhecer seu nome, pois ele disse: “Eu sou o SENHOR (Yahovah), vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu sou santo” (Lev 11:44).

7- O que significa o nome de Deus e o que aprendemos sobre Deus através desse nome? O povo que se chama pelo nome de Deus deve ter o caráter dele. O povo que se chama pelo caráter de Yehovah deve ter o caráter de Yehovah.

8- Yehovah. “O auto-existente”, “O Eterno”. Ou seja, aquele que se torna filho de Deus recebe o dom de viver eternamente e vencer a morte. Ou seja, ter o caráter de Yahovah é, primeiramente, ter o dom da vida eterna, porque recebeu dele a salvação. Quem está na Igreja e não está buscando a vida eterna ainda não compreendeu o caráter de Deus.

9- E da mesma maneira, nós também recebemos o poder de anunciar o caminho da vida eterna para as demais pessoas. Quem não busca sua salvação e não prega a salvação ainda não conhece o caráter de Yehovah.

10- Yehovah está relacionado com Chavvah, “o doador de vida”. O nome de Eva. “E chamou Adão o nome de sua mulher Eva, porquanto ela era a mãe de todos os viventes” (Gen 3:20).

11- Ou seja, assim como Yehovah é o doador da vida, nós também temos o poder de doar vida, se bebermos do manancial de vida e nos tornarmos um manancial de vida, como Jesus falou para a mulher samaritana (João 4.5-30).

12- Jesus oferece a água. A mulher pede água. Mas para ela receber essa água, ela deveria renunciar sua vida de pecado, de adultério, de prostituição. Depois que ela é convencida de seu pecado e recebe a água da vida, ela vai à cidade e anuncia a Palavra de Yehovah, jorrando rios de água viva com as palavras que dizia.

13- Chavah também significa “viver” e “anunciar” ao mesmo tempo. Isso porque quem está vivo anuncia a vida. Este é o sinal que acompanha o vivo (Marcos 16.17-18).

14- Yehovah também se relaciona com chay, que significa “vivo” e “apetite”. Quando a pessoa está com estômago vazio e come, é como se revivesse. Ou seja, aquele que tem o caráter de Yehovah se alimenta de Deus e por isso tem um apetite de conhecer mais de Deus e um apetite por anunciar a Palavra de Deus.

15- Aquele que conhece o caráter de Yahovah se alimenta de Deus e alimenta os que anseiam ardentemente pela revelação dos filhos de Deus (Romanos 8.19). Ele sabe que nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus m (Mateus 4.4; Deuteronômio 8.3).

16- A raiz de Yehovah é Hahh, que significa um sinal de espanto. Conhecer a Deus é um espanto constante, pois Deus sempre nos surpreende. E quem se espanta com a maravilha de Deus anuncia essa maravilha aos demais, como fez André quando encontrou com Jesus (João 1.40-42).

17- João disse uma coisa que o levou a um espanto. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. “Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro” (1 João 3.2-3). O espanto (Apocalipse 1.10-17).

18- E qual é o nome de seu filho? Seu filho de chama Yehoshua, união entre Yehovah e Yasha’, que significa “Yehovah é a salvação” (Olhar, pastor, deleite - “o olhar do destruidor”).

sábado, 12 de novembro de 2011

Mergulhando na Palavra - O Levítico - Aula 11



Desvendando o Levítico

1- Dois tipos de sacrifício: de sangue e de cereais (majares).

2- Sacrifício de sangue:

3- Sangue: Dam (“fluxo do líquido”). O sangue deve estar em movimento, senão o animal morre (muth). No sangue está a vida (Lv 17.11). Quando um animal perde seu sangue, a vida sai dele e vai em favor da pessoa que fez o sacrifício, perdoando seu pecado e restituindo-lhe sua vida.

4- Quando o sangue é derramado para perdão de pecado, o acusador (satan) fica mudo (damam) e o pecador, agora perdoado, se torna novamente semelhante ao criador, que é santo, como diz a passagem “Sede santos por que eu sou Santo” (Lv 11.44).

5- Os animais sacrificados eram designados conforma a posse da pessoa. E o pecado fosse de um sumo-sacerdote, deveria sacrificar um touro (animal mais caro), depois um bode (para outras pessoas) e uma pomba (para os mais pobres). Ou seja, assim vemos, na prática, o versículo (Lucas 12.48).

6- Os 4 tipos de ofertas de sangue são:

7- Ofertas queimadas (holocausto). Em hebraico, ‘olah, que significa “degrau”, pois a fumaça sobe.

8- Ofertas pacíficas (shelem). Relacionada a shillum (“pagamento”) e shillem (“recompensa”), shalam (“estar completo”) e shalom (“paz”). Quem paga o preço do sacrifício, recebe a recompensa por seu trabalho e fica completo, pois está em comunhão com Deus, assim está em paz, pois “destruiu a autoridade do caos”.

9- Ofertas pelo pecado (chattat). Relacionada à ideia de “errar” (chata’) e “corda” (chut), pois quando um arqueiro erra o alvo, a distância é medida com uma corda. Ou seja, esse sacrifício faz com que o erro (chata’) do pecado (chatiy) seja medido, e corrigido, e o pecador seja novamente unido (chut) a Deus.

10- As ofertas de culpa (‘asham). Essa oferta restitui o caráter (shem) e o nome (shem) da pessoa, pois o erro se deveu a um desvio de caráter. E está escrito: “Mais vale um bom nome do que as muitas riquezas” (Provérbios 22.1). Essa oferta restitui o fôlego (neshamah) de vida, pois o homem que estava “lá” (sham), longe de Deus, recebe novamente o direito de ser um cidadão do céu (shamaym), cujo sacrifício subiu como um aroma (sam) suave a Deus. A culpa (‘asham) e a desolação (shammah), que faziam de sua vida um deserto (yeshiymon), vão para “lá” (sham), e uma chuva (geshem) irriga a vida da pessoa como o óleo (shemen) da unção, fazendo com que, por sua obediência (shama’), brilhe como o sol (shemesh), pois recebeu a remissão (shemittah) de seu pecado, consumido (shemad) junto com o sacrifício.

11- Sacrifício de manjares:

a- Manjares (minchah), significa “local de descanso”. Deveria ser acompanhado de óleo (em hebraico, shemen, “fértil”), incenso (lebonah, “tijolo”, “para o construtor”, pois sobre aos céus como aroma suave) e sal (para conservação).

b- Não poderia haver fermento (chamets), e nem mel (debash), pois este poderia fermentar o alimento.

c- Mel (debash). Relaciona-se com dabab (“mexer-se lentamente”), tristeza (‘adab) e pena (da’ab), amargo como o fermento.

d- Fermento (chamets). Relaciona-se com “cruel”, “irado”, “raiva” (chemah), e chamots (“violento”, “ladrão” ou “oprimido”).

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Mergulhando na Palavra - Levítico



Levítico consiste na maior parte em escrita legislativa, grande parte dela sendo também profética. No todo, o livro segue um esboço tópico, e pode ser dividido em oito partes, que seguem uma ordem sucessiva bastante lógica.

Regulamentos sobre sacrifícios (1:17:38). Os diversos sacrifícios caem em duas categorias gerais: de sangue, consistindo em bovinos, ovelhas, cabritos e aves; e exangues, consistindo em cereais. Os sacrifícios de sangue devem ser apresentados como ofertas (1) queimadas, (2) de participação em comum, (3) pelo pecado ou (4) pela culpa. Os quatro tipos de oferta têm as seguintes três coisas em comum: o próprio ofertante tem de trazer o animal à entrada da tenda de reunião, colocar as mãos sobre ele e daí o animal tem de ser abatido. Depois da aspersão do sangue, é preciso dar destino à carcaça segundo a espécie de sacrifício. Consideremos agora os sacrifícios de sangue, um por vez.

(1) As ofertas queimadas podem consistir num novilho, cordeiro, cabrito, rola ou pombo, dependendo das posses do ofertante. Têm de ser cortadas em pedaços e, com exceção da pele, a oferta toda tem de ser queimada sobre o altar. Em caso de rola ou de pombo, a cabeça tem de ser truncada com a unha, mas não decepada, e o papo e as penas removidos. 1:1-17; 6:8-13; 5:8.

(2) O sacrifício de participação em comum pode ser de um macho ou uma fêmea dos bovinos ou dos rebanhos. Só as partes gordurosas serão queimadas sobre o altar, certas porções cabendo ao sacerdote e o resto devendo ser comido pelo ofertante. É chamado apropriadamente de sacrifício de participação em comum, pois, mediante ele, o ofertante participa de uma refeição, ou tem comunhão, por assim dizer, com Deus e com o sacerdote. 3:1-17; 7:11-36.

(3) Exige-se uma oferta pelo pecado para pecados não intencionais, ou pecados cometidos por engano. O tipo de animal oferecido depende de quem é o pecado que será expiado do sacerdote, do povo como um todo, dum chefe ou duma pessoa comum. Dessemelhantes das voluntárias ofertas queimadas e de participação em comum para indivíduos, as ofertas pelo pecado são obrigatórias. 4:1-35; 6:24-30.

(4) As ofertas pela culpa são exigidas para expiar a culpa pessoal devido à infidelidade, à fraude e ao roubo. Em certos casos, a culpa requer que se confesse e se faça um sacrifício segundo as posses da pessoa. Noutros, exige-se a compensação equivalente à perda e mais 20 por cento, bem como o sacrifício de um carneiro. Nesta parte de Levítico, que trata das ofertas, proíbe-se enfática e repetidamente o comer sangue. 5:16:7; 7:1-7, 26, 27; 3:17.

Os sacrifícios exangues têm de ser de cereais e são oferecidos quer assados inteiros, quer pilados ou em farinha fina; preparados de vários modos, tais como assados, grelhados ou fritos em gordura. Devem ser oferecidos com sal e azeite e, às vezes, com olíbano, mas têm de estar totalmente isentos de fermento ou mel. Em certos sacrifícios, uma parte pertencerá ao sacerdote. 2:1-16.

Investidura do sacerdócio (8:1-10:20). Chega então o tempo para uma grande ocasião em Israel, a investidura do sacerdócio. Moisés cuida disso em todos os pormenores, como Deus lhe ordenara. "E Arão e seus filhos passaram a fazer todas as coisas que Deus ordenara por meio de Moisés." (8:36) Depois dos sete dias ocupados com a investidura, há um espetáculo milagroso e fortalecedor da fé. A assembléia inteira está presente. Os sacerdotes acabam de oferecer sacrifício. Arão e Moisés já abençoaram o povo. Daí, veja! "A glória de Deus apareceu . . . a todo o povo. E desceu fogo de diante de Deus e começou a consumir a oferta queimada e os pedaços gordos sobre o altar. Quando todo o povo chegou a ver isso, irromperam em gritos e prostraram-se sobre as suas faces." (9:23, 24) Deveras, Deus é digno da obediência e da adoração deles!

Contudo, há transgressões da Lei. Por exemplo, os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, oferecem fogo ilegítimo perante Deus. "Saiu então fogo de diante de Deus e os consumiu, de modo que morreram perante Deus." (10:2) A fim de oferecerem sacrifícios aceitáveis e gozarem da aprovação de Deus, tanto o povo como os sacerdotes têm de seguir as instruções de Deus. Logo depois, Deus dá o mandamento de que os sacerdotes não devem tomar bebidas alcoólicas enquanto servem no tabernáculo, dando a entender que a embriaguez talvez tenha contribuído para a transgressão dos dois filhos de Arão.

Leis sobre a pureza (11:1-15:33). Esta parte trata da pureza cerimonial e higiênica. Certos animais, tanto domésticos como selvagens, são impuros. Todos os corpos mortos são impuros e tornam impuros a todos os que neles tocam. O nascimento duma criança também traz impureza e requer separação e sacrifícios especiais.

Certas doenças da pele, como a lepra, também causam impureza cerimonial, e a limpeza tem de ser aplicada não só a pessoas, mas também à roupa e às casas. Requer-se o isolamento. A menstruação e as emissões seminais resultam também em impureza, bem como os fluxos. Requer-se a separação nestes casos e, no restabelecimento, em adição, a lavagem do corpo ou a oferta de sacrifícios, ou ambas.

Dia da Expiação (16:1-34). Este é um capítulo notável, pois contém as instruções para o dia mais importante para Israel, o Dia da Expiação, que cai no décimo dia do sétimo mês. É um dia para afligir a alma (com toda a probabilidade com jejum) e não se permitirá nenhum trabalho secular. Começa com a oferta de um novilho pelos pecados de Arão e sua família, a tribo de Levi, seguida da oferta de um bode pelo restante da nação. Depois da queima do incenso, parte do sangue dos dois animais tem de ser trazida, por sua vez, para o Santíssimo do tabernáculo, a fim de ser aspergido perante a tampa da Arca. Mais tarde, as carcaças dos animais têm de ser levadas para fora do acampamento e ser queimadas. Neste dia tem de se apresentar também um bode vivo diante de Deus, e sobre ele tem de se declarar todos os pecados do povo, após o que tem de ser conduzido para fora, para o ermo. Daí, dois carneiros tem de ser oferecidos como ofertas queimadas, um para Arão e sua família, e outro para o restante da nação.

Estatutos sobre sangue e outros assuntos (17:1-20:27). Esta parte apresenta muitos estatutos para o povo. Proíbe-se outra vez o sangue, numa das mais explícitas declarações sobre sangue que existe nas Escrituras. (17:10-14) O sangue pode ser usado apropriadamente no altar, mas não para consumo. Proíbem-se práticas detestáveis, como incesto, sodomia e bestialidade. Há regulamentos para a proteção dos aflitos, dos humildes e dos estrangeiros, e dá-se o mandamento: "Tens de amar o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor." (19:18) Resguarda-se o bem-estar social e econômico da nação, e os perigos espirituais, tais como a adoração de Moloque e o espiritismo, são proscritos, sob pena de morte. Deus frisa outra vez a necessidade de seu povo manter-se separado: "E tendes de mostrar-vos santos para mim, porque eu, Deus, sou santo, e estou passando a separar-vos dos povos para vos tornardes meus." 20:26.

O sacerdócio e as festividades (21:1-25:55). Os três capítulos seguintes tratam principalmente da adoração formal de Israel: os estatutos que governam os sacerdotes, as suas qualificações físicas, com quem podem casar-se, quem pode comer coisas sagradas e os requisitos quanto a animais sadios que devem ser usados em sacrifícios. Ordenam-se três festividades nacionais sazonais, proporcionando ocasiões de 'alegria perante Deus, vosso Deus'. (23:40) Como um só homem, a nação voltará assim a sua atenção, louvor e adoração a Deus, fortalecendo a sua relação com ele. Essas são festividades para Deus, santos congressos anuais. A Páscoa, juntamente com a Festividade dos Pães Não Fermentados, é marcada para princípios da primavera; o Pentecostes, ou a Festividade das Semanas, em fins da primavera; e o Dia da Expiação, juntamente com a Festividade das Barracas, ou Recolhimento, de oito dias, no outono.

No capítulo 24, dá-se instrução relativa ao pão e ao azeite a serem usados no serviço do tabernáculo. Segue-se ali o incidente em que Deus decide que todo aquele que abusar do "Nome" sim, o nome Senhor, tem de ser morto por apedrejamento. Declara a seguir a lei da punição de igual por igual: "Olho por olho, dente por dente." (24:11-16, 20) No capítulo 25, acham-se regulamentos sobre o sábado de um ano, ou ano de repouso, a ser comemorado a cada 7 anos, e o Jubileu, a cada 50 anos. Neste 50.° ano, deve-se proclamar a liberdade em todo o país, e as propriedades hereditárias vendidas ou cedidas durante os últimos 49 anos devem ser restituídas. Dão-se leis que protegem os direitos dos pobres e dos escravos. Nesta parte, o número "sete" aparece destacadamente o sétimo dia, o sétimo ano, festividades de sete dias, um período de sete semanas, e o Jubileu, a vir depois de sete vezes sete anos.

As conseqüências da obediência e da desobediência (26:1-46). O livro de Levítico atinge o seu clímax neste capítulo. Deus alista aqui as recompensas pela obediência e os castigos pela desobediência. Ao mesmo tempo, apresenta a esperança para os israelitas se estes se humilharem, dizendo: "Vou lembrar-me, em seu benefício, do pacto dos antecessores que fiz sair da terra do Egito sob os olhares das nações, para mostrar-me seu Deus. Eu sou o Senhor." 26:45.

Estatutos diversos (27:1-34). Levítico termina com instruções sobre o manejo das ofertas votivas, sobre o primogênito para Deus e sobre a décima parte que é santificada para Deus. Daí, vem o breve colofão: "Estes são os mandamentos que Deus deu a Moisés como ordens para os filhos de Israel, no monte Sinai." 27:34.

Texto extraído de:
http://www.fortalezaredes.com.br/documents/biblia/Antigo/Introlev.htm