1-
17.37 Leão
(Hb. 'ariy).
Relacionado a 'arah, "colher", "juntar",
"reunir", através da ideia de "violência".
2-
Relacionado a rahah, "temor",
"medo".
3-
O contato de Davi com o Leão o ensinou o que era o
medo, como lidar com ele e como superá-lo.
4-
Davi estava acostumado a lidar com o medo. Ele aprendeu
a confiar no Senhor.
5-
Saul, pelo contrário, foi vencido pelo medo.
6-
Carlos Drummond de Andrade:
Congresso Internacional do Medo
Provisoriamente não
cantaremos o amor,
que se refugiou
mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo,
que esteriliza os abraços,
não cantaremos o
ódio porque esse não existe,
existe apenas o
medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos
sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos
soldados, o medo das mães, o medo das igrejas, cantaremos o medo dos ditadores,
o medo dos democratas, cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos
túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.
(Antologia Poética
– 12a edição - Rio de Janeiro: José Olympio, 1978, ps. 108 e 109).
7-
Saul foi tomado pelo medo. E o medo o levou à loucura,
como uma doença que tomou seu espírito, assim como no pesadelo de Raskolnikov (Dostoiévski,
Crime e Castigo):
Parecia-lhe então
ver o mundo assolado por um flagelo Terrível... Uns seres microscópicos...
introduziam-se nos corpos... Os indivíduos infectados ficavam logo doidos
furiosos. Todavia... nunca os homens se julgaram tão sábios, tão seguros da
verdade... Nunca tinham tido mais confiança na infalibilidade dos seus juízos,
na solidez das conclusões científicas e dos princípios morais. Aldeias,
cidades, povos inteiros eram atacados pela doença e perdiam o juízo, não se
compreendendo uns aos outros. Cada qual julgava saber, ele só, a verdade inteira...
Ninguém se entendia sobre o bem e o mal, nem sabia quem se havia de condenar ou
absolver. Matavam-se uns aos outros levados por uma raiva absurda... Ninguém
sabia e todos andavam inquietos. Cada um propunha as suas ideias, as suas
reformas e não havia acordo... Aqui e ali se reuniam vários grupos, combinavam
uma ação comum, juravam não se separar - mas logo depois esqueciam-se da
resolução tomada, começavam a acusar-se uns aos outros, a bater-se, a matar-se.
Os incêndios e a fome completavam o triste quadro. Homens e coisas, tudo
perecia. O flagelo estendia-se cada vez mais. No mundo só podiam salvar-se
alguns homens puros, predestinados a refazer a humanidade, a renovar a vida e a
purificar a terra; mas ninguém via esses homens; ninguém ouvia suas palavras e
suas vozes.
8-
O filme Blow-up, do italiano Michelangelo
Antonioni, também faz uma excelente reflexão sobre a loucura.
9-
O filme, de 1966, foi baseado num pequeno conto de
Julio Cortázar, Las Babas del Diablo,
publicado em 1959.
10-
O filme conta a história do envolvimento acidental de
um fotógrafo com um crime de morte.
11-
No filme Cidade
dos Sonhos, de David Lynch, por exemplo, há um trecho em que as personagens
principais vão a um clube de música chamado Silêncio,
e o apresentador diz “não há banda, mas, ainda assim, ouve-se a música”.
12-
Na Utopia, de
Thomas Morus, o nome do rio se chama “Anidro” (ou seja, “sem água”), assim como
nas Vinte Mil Léguas Submarinas de
Júlio Verne, o capitão do submarino se chamava Nemo, que em latim significa “ninguém”.
13-
São exemplos do irreal que vêm à tona quando a
insanidade toma posse da mente humana. O louco tem certeza de que tudo que
pensa existe e é real, mas não passam de ilusões.
14-
A mente de Saul de tornou um mar de ilusões, fantasias,
loucura e violência.
15-
18.1 Acabando
(Hb. kehallotho,
de kalah). A raiz primitiva é kal (Lk), formada pela mão fechada que traz a
ideia de “submeter-se” e o cajado que representa autoridade. O termo, portanto,
está relacionado a um recipiente
que contém objetos ou líquidos, à completude
e à “domesticação” de
animais.
16-
O interessante é que o termo kalah (“acabar”) está
relacionado a kilyah, que significa “rim” (Êxodo 29.13), órgão que, para a
cultura hebraica antiga, representava o local das emoções.
17-
Segundo um artigo publicado na Revista Americana de Nefrologia (ou seja, a área médica que estuda
os rins), o rim sempre foi associado à consciência
é à reflexão (History
of Nephrology 2 p. 235 by International Association for the History of
Nephrology Congress, Garabed Eknoyan, Spyros G. Marketos, Natale G. De Santo -
1997; Reprint of American Journal of Nephrology; v. 14, no. 4-6, 1994).
18-
O Talmude (Berakhoth 61.a), livro que reúne comentários judaicos, um dos rins
ajuda o homem, através de sensações por ele geradas, a identificar aquilo que é
mau e o outro a identificar o que é bom.
19-
Vejam que interessante o que dizem as seguintes
passagens:
Cesse a malícia dos
ímpios, mas estabelece tu o justo; pois sondas a mente (kilyah,
ou seja, “rim”, como na KJV) e o coração, ó justo Deus (Salmos 7.9).
Matarei os seus
filhos, e todas as igrejas conhecerão que eu sou aquele que sonda mentes
(nephros)
e corações, e vos darei a cada um segundo as vossas obras (Apocalipse 2.23).
20-
Ou seja, ao final da conversa de Saul com Davi,
Jônatas, que acompanhou o diálogo, passou a ter uma elevada estima por Davi.
21-
Jônatas era um excelente soldado, e super corajoso,
pois havia até mesmo desafiado, sozinho, o exército dos filisteus (1 Sa 14:1-52).
22-
O comentarista David Guzik explica que Jônatas ouviu
Davi falar sobre seu coração, seu temor a Deus e sua fé no Eterno.
23-
Naquele momento, quando Davi acabou (kalah)
de falar, Jônatas viu que eles tinham um mesmo coração e percebeu, espiritualmente,
que ele seria o próximo rei de Israel.
24-
18.2 Não
permitiu. A partir daquele dia Davi nunca mais seria apenas um pastor,
agora ele era um soldado que cuida de seu país como um pastor que zela por suas
ovelhas.
25-
18.3 E fizeram
aliança (Hb. vayyihroth beriyth). Literalmente, a
expressão “fizeram” (karath) significa “cortaram”, e o
termo aliança (beriyth) é muito semelhante a “sabão” (boriyth – Jeremias 2.22).
26-
Ou seja, Davi e Jônatas “dividiram o sabão”, de modo
que ambos iriam limpar de seus corações toda competição, inveja e ciúme, já que Jônatas era o próximo rei
pelos olhos humanos, e Davi o próximo rei aos olhos de Deus.
27-
Dois conceitos que caminham juntos: amor (‘ahavah) e aliança (beriyth). Um prenúncio da
obra de Cristo na cruz.
28-
18.4 E
Despojou-se
(Hb. vayyithpashéth).
O verbo pashat é muito curioso. Pode ser traduzido como “improviso”, “golpe” (Juízes 9.44) ou “invadir”
(1 Samuel 23.27).
29-
O que Jônatas fez foi algo que aos homens pareceu como improviso, um golpe à tradição. Mas com tal atitude, Jônatas invadiu o sobrenatural e deu um golpe fatal na rebelião que o inimigo poderia lançar sobre sua
vida.
30-
Relaciona-se a pash (“transgressão”), a pashach
(“pedaços”), pashchur (“liberação”). Aos olhos humanos, Jônatas cometeu uma
transgressão, quebrando seu futuro em pedaços. Mas, na verdade, liberou algo
muito poderoso no mundo espiritual, pois deu um grande exemplo de humildade e
temor a Deus, fazendo em pedaços seu ego em favor da vontade do Deus soberano.
31-
18.4 Deu a Davi. Jônatas neste
momento abriu mão de sua coroa e a entregou a Davi, que reconheceu ser não
apenas o homem mais preparado para reinar, mas aquele que o Senhor havia
escolhido.
32-
18.4 Capa
(Hb. me’iyl).
Procede de ma’al, “esconder”, “agir secretamente”, “trair”, “prevaricar”,
“pecar”, “transgredir”, “rebeldia”. Ou seja, Jônatas abriu mão de tudo isso
quando deu sua capa a Davi. Davi, pelo contrário, ao receber a capa, e junto
consigo a grande responsabilidade que acompanha o ministério do rei, atraiu
para si todos estes atos maliciosos por parte daqueles que com ele viveriam.
33-
Capa (me’iyl) em hebraico também se
relaciona a jugo (‘ol). Jônatas retirou de sobre si o
jugo da rebeldia e passou a Davi o jugo de um reinado justo e santo.
34-
18.4 Armadura (Hb. mad). Curiosamente, mad também pode ser
traduzido como juízo (Juízes 5.10). Davi, ao receber a armadura, trouxe sobre
si o poder de trazer juízo sobre os filisteus, mas também trouxe juízo sobre
sua própria vida, pois a quem muito é dado, muito lhe será cobrado. No futuro,
Davi pagaria muito caro por erros que cometeria.
35-
Ele seria constantemente medido (Hb. madad)
pelo parâmetro da santidade exigida por Deus a seus servos.
36-
18.4 Espada
(Hb. chereb).
Instrumento de desolação. Relacionado a charab, “destruir”, “esgotar”,
“secar”, “assolar”, “ruína”, “deserto”.
37-
18.4 Arco (Hb. qesheth). Vem de qashah,
que significa “denso”, “severo”, “cruel”, “teimoso”. Tudo aquilo que Saul se
tornou e Jônatas recusou ser.
38-
Também se relaciona a qosh, “armar uma cilada”,
“armadilha”. Aquilo que Saul fez com Davi e Jônatas recusou a perpetrar.
39-
18.4 Cinto
(Hb. chagor).
O cinto que fica em volta da cintura para guardar as armas. Relacionado a chagar,
“espanto”, “medo”, como aquele que está cercado. Saul temia muito a Davi, com receio
de perder seu trono.
40-
Jônatas, porém, preferiu amá-lo, reconhecendo a
autoridade divina em sua vida.
41-
Davi não poderia
receber
a armadura de Saul, pois esta não se adequava a ele em tamanho e principalmente
em espírito e propósito. Mas Davi poderia receber a armadura de Jônatas, pois
era adequada em tamanho e em propósito.
42-
Davi e Jônatas amavam mais a Deus do que ao trono de
Israel.
43-
18.5 Saía
(Hb. vayyêtsê').
Também traz a ideia de “vir à tona”, “brotar”. Davi começou a brotar e a unção
de Deus em sua vida passou a ser reconhecida por todo o povo.
44-
Mas Davi, ao vir à tona (yâtsâ') também mostrou
o excremento (tsô'âh) espiritual que
havia na vida de Saul, a malignidade
que governava seu coração e sua alma.
45-
18.5 Sobre
tropas. Uma promoção de patente muito impressionante para um homem que
beirava os 20 anos de idade.
46-
18.5 Até
dos próprios servos de Saul. Davi passou a ser respeitado e honrado até
mesmo pelos soldados de Saul, não porque era um bajulador, mas porque vivia
como um homem segundo do coração de Deus.
47-
18.6 Mulheres
cantando.
O comentarista David Guzik faz belas observações neste ponto. Isso era um
teste, em que o inimigo queria derrubar Davi, mas no qual Deus pretendia
edificá-lo. Davi nunca recebeu este tipo de louvor quando cuidava de suas
ovelhas, nem delas nem de seu pai.
48-
Davi estava encarando, pela primeira vez, o desafio do
sucesso. Mas como Davi ficava tão feliz em cuidar de suas ovelhas mesmo sem
qualquer tipo de elogio, ele soube lidar com a popularidade.
49-
Davi aprendeu a viver para o Senhor, e não para o
povo.
50-
18.8 Saul
se indignou. O que mostra sua fraqueza e o medo, pois sabia que Deus já
o havia rejeitado.
51-
Saul deveria estar feliz, pois o povo deu-lhe mais
elogios do que merecia, pois ficou sentado covardemente durante 40 dias com
medo de Golias. Que grande humilhação para um rei.
52-
18.10 O mesmo espírito
maligno de 16.14 voltou a atormentar Saul.
53-
Davi mostra sua humildade ao tocar harpa para Saul,
mesmo já sendo general do exército.
54-
Contraste: enquanto Davi
tinha uma harpa em suas mãos, Saul segurava uma lança.
55-
18.11 Encravarei
a Davi (Hb. 'akkeh bhedhâvidh). A expressão “a Davi” (bhedhâvidh) tem grafia
muito semelhante a “na panela” (bhaddudh – 1 Samuel 2.14). Isso
porque ambas as palavras se relacionam ao calor. Em Davi, havia o calor do amor
e o calor da panela. Davi era como uma panela, cheia de amor por Deus e de zelo
pela Palavra do Senhor.
56-
18.11 Duas
vezes. Davi se desviou não somente da lança física, mas da lança da
ira, da revolta e da amargura.
57-
18.12 Temia (Hb. vayyirâ',
de yare’).
Soa muito parecido com a expressão “discerniu” (vayyar' - Juízes 6.22). Saul,
por meio de uma orientação maligna, discerniu que deveria matar Davi, assim, acreditava
que impediria o cumprimento da Palavra de Deus: que Deus o havia rejeitado e já
escolhera outro rei.
58-
18.13 O
afastou... chefe (Hb. sur... sar). O curioso é que, em
hebraico, o verbo “afastar” (sur) soa muito parecido com a
palavra “chefe” ou “príncipe” (sar).
59-
Saul pretendeu afastar
(sur)
Davi não para honrá-lo como chefe (sar),
mas para prendê-lo (‘asar)
em uma armadilha, deixando-o cativo
(‘asiyr)
nas mãos dos filisteus, para que ficasse preso em grilhões (‘esur) e se apartasse (yasur) de qualquer possibilidade de
substituir Saul.
60-
Davi, porém, ao ser nomeado chefe (sar), mostrou que era o homem mais preparado para conduzir o governo (misrah) de Israel, sendo
como uma serra (massor) que desbaratava o
exército inimigo e era usado para corrigir
(yasar)
os erros e pecados do povo.
61-
Saul nomeou Davi como chefe (sar) para destruí-lo, mas Davi cantou (shar) muitas vitórias.
62-
18.14 Lograva
bom êxito (Hb. maskiyl, “agia com sabedoria” - KJV).
Também pode ser traduzido como “didático” (Salmos 32.1) ou “contemplativo”.
Davi refletia sobre tudo o que fazia, e consultava a Deus antes de tomar
decisões, o que nos ensina como lidar com a fama, a mentira e a conspiração.
63-
18.15 Vendo
(Hb. vayyar').
Soa parecido com “temia” (vayyirâ').
64-
18.15 Tinha medo (Hb. vayyâghâr).
O verbo gur pode ser traduzido como “morar”, “viajar” ou “medo”, como o
temor daquele que está em uma terra estrangeira. Saul temia, pois já se sentia
estrangeiro em sua própria terra, pois o Senhor já o havia rejeitado.
65-
A estima de Jônatas X a inveja de Saul. Duas reações
diante de um homem com grande talento e grande potencial.
66-
18.16 Davi poderia ter
usado sua popularidade como uma lança contra Saul, mas, como agia com uma
sabedoria que vem do alto, permaneceu obediente.
67-
O comentarista Dale Ralph Davis ressalta que o descendente
de Davi também tinha facilidade de criar divisões entre pai e filho:
Pois vim causar
divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua
sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa. Quem ama seu
pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua
filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem
após mim não é digno de mim. Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia,
perde a vida por minha causa achá-la-á (Mateus 10.35-39).
68-
Jônatas teria facilmente entendido O que Jesus quis
dizer.
69-
19.1 Saul faz uma
reunião top secret para matar Davi,
mas a proteção divina o livrou de toda armadilha.
70-
O capítulo 19 contém 4 episódio em que Deus concede o
livramento a Davi.
71-
19.8 Davi feriu (nakah)
os filisteus e eles fugiram (nus).
72-
19.10 Saul ataca (nakah)
Davi novamente, e este é obrigado a fugir (nus) como se fosse um filisteu.
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