quinta-feira, 16 de junho de 2011

Desvendando a Paz



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Continuando nosso estudo sobre o fruto do Espírito, analisaremos hoje o terceiro fruto: a paz. O interessante é que a ordem da lista de frutos colocada por Paulo em Gálatas 5.22 traz algumas coincidências. O primeiro fruto listado é o amor. Em hebraico, “amor” é ‘ahav, e o número um é ‘ahad. Ambas as palavras trazem a ideia de “estar unido”. O terceiro fruto é a paz. Em hebraico, “paz” é shalom, e “terceiro” é shalosh. Ambas as palavras trazem a ideia de “estar completo” (shalam), “ter autoridade” (shaliysh), “ter primazia” (shilshom). Parece que Paulo colocou os frutos de maneira que a ordem em que foram dispostos fizesse sentido junto ao significado.

A paz aparece em terceiro lugar, e o número três é usado na Bíblia como símbolo da perfeição divina. E este terceiro fruto, a paz, só pode ser obtido através de um relacionamento direto com Deus, como está escrito: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo” (João 14.27). Nunca se falou tanto sobre paz. Mas nunca o mundo esteve tão permeado por guerras e discórdia. Este é um sinal de que o mundo não conhece esta verdadeira paz. Nós, porém, temos acesso a ela através de Cristo, que nos permite compreender a paz que procede de Deus.

Em grego, a palavra usada para “paz” é “eirene”, que se deriva do verbo “eiro”, que significa “unir”. Assim como o amor, a paz também é um fruto que surge da direta comunhão com Deus. Jó, por exemplo, no final de sua história, liberta-se de sua angústia e experimenta a verdadeira paz quando diz: “Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem” (Jó 42.5). É uma paz que procede do relacionamento com Deus.

Em hebraico, como vimos, o termo para “paz” é “shalom”, que se deriva de “shalam”, “estar a salvo”, “estar completo”, mas que também pode significar “pagamento” ou “recompensa” (shillum). Isso porque foi através do precioso sangue de Cristo que fomos comprados e resgatados da nossa vã maneira de viver (1 Pedro 1.18), de modo que receberemos a recompensa da promessa de entrar na celebração do Senhor (Mateus 25.21). Isso adiciona paz à vida daquele que tem essa esperança.

Outra palavra relacionada à shalom é “shelam”, que significa “restituir”. Aqueles que compreendem o poder do sacrifício de Cristo na cruz recebem de Deus uma paz que excede o atendimento humano, pois têm a consciência de que foram restituídos à comunhão com o Pai.

A pessoa que entende que o castigo que nos trouxe a paz (shalom) estava sobre Cristo (Isaías 53.5) passa a ter um coração agradecido e oferece sacrifícios pacíficos (shelem) em gratidão a Deus. Em resposta, Deus nos cobre com uma paz que é semelhante a uma veste (salma’) que cobre nossa vergonha e nossos pecados.

Davi compreendeu esse mistério. Ele sempre teve uma vida muito confusa, envolvido em guerras e intrigas, de maneira que aquilo que mais buscava era a paz. Foi por esta razão que deu a seus filhos os nomes Shelomoh (Salomão, que significa “pacífico”) e ‘Abiyshalom (Absalão, que significa “meu pai é a Paz”). O tataravô de Davi, pai de Boaz, se chamava Salmon, termo também relacionado à shalom, e que significa “investidura” ou “vestimenta”. Davi percebeu que só estaria completo (shalam) quando estivesse completamente submetido à vontade de Deus, dependendo do Senhor para receber a verdadeira paz (shalom) que ele tanto buscava. Quando ele recebeu uma investidura (salmon) como rei ungido, Deus o cobriu com uma veste (salma’) espiritual e o fez entender que a maior recompensa (shalmon) que um homem pode receber por seu trabalho não é a riqueza, nem mulheres, nem fama, mas a verdadeira paz que procede de Deus por meio de Jesus Cristo, o “Sar Shalom”, ou seja, o Príncipe da paz, como lemos em Isaías 9.6.

O curioso é que a expressão hebraica “sar shalom” pode ser traduzida como “ele cantou: está tudo bem”, porque “shiyr” é “cantar” e “shalom” também pode significar “estar bem”, como em Gênesis 29.6 e 1 Reis 5.22. Portanto, quando experimentamos a verdadeira paz (shalom) é como se o Príncipe da Paz (Sar Shalom) estivesse cantando em nossa alma: “está tudo bem!”

Creia nessa palavra. Jesus é o Príncipe da Paz, o único cujo verdadeiro amor nos faz superar a força do caos e experimentar a verdadeira paz. Que Deus derrame sobre sua vida a verdadeira paz, em Nome de Jesus!

::Daniel Lopez

Jornalista e doutorando em Linguística na Universidade Federal Fluminense (UFF). É também professor universitário, tradutor e diretor do programa e ministério Desvendando o Original.

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Colaborador do portal Lagoinha.com

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