quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Números - Aula 02



Mergulhando na Palavra

Livro de Números: Aula 02

I- Números 11: A Revolta do Povo


Versículo 1:
“Queixou-se o povo de sua sorte aos ouvidos do SENHOR; ouvindo-o o SENHOR, acendeu-se-lhe a ira, e fogo do SENHOR ardeu entre eles e consumiu extremidades do arraial”.

a) Queixou-se (Heb. ‘Anan). A raiz é ‘an, que significa “produzir”, fruto da união da letra ‘aleph (que significa touro e representa a força) com a letra nun (que significa semente e representa a continuidade). Unidas, essas letras significam “a força da frutificação” ou “a busca pela produção”. A palavra ‘anan (queixar-se) se refere à indignação pela falta de frutificação, pela falta de frutos. Todavia, o Salmo 1 nos mostra o que o homem deve fazer para ser frutífero. Em João 15 Jesus também nos mostra que, para sermos frutíferos, devemos estar ligado à videira e ter Deus Pai como lavrador. O povo, no deserto, estava reclamando da falta de comida, mas não agia como pessoas que buscam, de Deus, sua frutificação. Na verdade, eles tinham tudo o que precisavam. Mas usaram seu vigor (‘on) de maneira vã (‘aven). Por sua ingratidão, Deus os puniu, tendo desejado a carne e louvando a antiga vida no Egito. Assim como o figo (te’en) é um fruto que exige vigor (‘on) para ser encontrado, pois, sendo verde, se mistura com a cor verde das folhas, a frutificação também é alcançada quando empenhamos nossa força não de forma vã (‘aven), mas da maneira correta. Do contrário, todo trabalho será exaustivo (te’un) e não resultará em nada (‘eyin).

b) Ouvidos (Hb. ‘Ozen). A raiz é zan, formada por duas letras, zain (foice) e nun (semente), que unidas formam a ideia de “colher sementes”. Ou seja, em hebraico, a orelha é usada, assim como a enxada e a foice, para abrir caminho no mato e colher sementes. É por isso que Paulo nos ensina que “a fé vem pelo ouvir as palavras de Deus” (Romanos 10.17). Quando ouvimos a palavra de Deus, é como se estivéssemos colhendo sementes que frutificarão em nosso interior. Deus também gosta de colher nossas sementes, nosso louvor, nossa adoração. Todavia, em vez de louvar, o povo estava murmurando, fazendo com que chegasse aos ouvidos de Deus, não sementes, mas o joio. O que Deus escutou deles não soou aos seus ouvidos como uma colheita de sementes, mas como som de adultério (zanah), pois louvaram o Egito e rejeitaram a libertação divina, desejando mantimentos (mazon) que não procediam de Deus, já que eram dedicados aos ídolos.

c) Acendeu (Hb. Charah). A raiz é Char, cuja ideia é “calor”, palavra formada por duas letras hebraicas, chet (parede) e resh (cabeça, homem), que significa “o homem além da parede”, ou seja, “o homem do lado de fora”. Quando o antigo judeu saía de sua tenda para cuidar do rebanho, ficava exposto ao calor do sol, por isso, a palavra charah significa “acender” ou “queimar”. Ou seja, quando Deus “acende”, significa que Ele está prestes a julgar o homem, expondo-o à luz da verdade, ao calor de sua glória, de modo que o homem está “do lado de fora”, não mais protegido “à sombra do onipotente”, no “esconderijo do altíssimo” (Salmo 91.1). Cabe observar que Moisés somente sobreviveu a uma exposição à glória de Deus porque se escondeu na rocha, que simboliza Cristo (Êxodo 33.22).

d) Fogo (Hb. ‘Esh). A raiz é formada por duas letras, ‘aleph (touro: força) e shim (dente: pressionar), que juntas trazem a ideia de “forte pressão”. O fogo era produzido através de um graveto que, pressionado fortemente contra uma tábua, incendiava a palha com a ajuda de assopros. Assim, vemos que o fogo é produzido por uma pressão e o vento alimenta e espalha o fogo. Se formos obedientes, Deus nos batiza com o Espírito Santo, que é fogo. Todavia, o rebelde é pressionado por Deus e destruído pelo fogo. Ou seja, dependendo das atitudes do homem, ele pode receber um fogo (‘esh) que trará fundamento (‘osh) para sua vida, ou um fogo (‘esh) que trará desespero (ya’ash).

e) Ardeu (Hb. Ba’ar). O termo significa “consumir”, pois está relacionado com basar (carne), ou seja, com aquilo que eles desejaram, motivados pelas reclamações dos estrangeiros que viajavam junto com eles, o que foi o motivo de sua destruição. Os desejos carnais fizeram com que a ira de Deus se acendesse contra eles.

f) Consumiu (Hb. ‘Okhel). Literalmente, “comeu”, “devorou”. A raiz é formada por duas letras, lâmed (cajado: autoridade-vontade) e kaph (mão fechada: subjugar-dobrar), que juntas significam “domar a vontade”, como um animal adestrado. Por isso, a palavra derivada “kol” significa “todo” ou “completo”, ou seja, um animal completamente preparado para o trabalho. A palavra tanto pode significar algo consumido (como um alimento) ou algo destruído. Dependendo da atitude do homem, o fogo de Deus poderá consumir suas falhas e purificá-lo, ou destruí-lo. Deus enviou o fogo para que, assim, os homens domassem seus desejos pecaminosos, dobrando-se e submetendo-se à vontade divina. Porém, logo em seguida, o coração deles ardeu (ba’ar) novamente, não em busca da presença de Deus, mas almejando a carne (basar). O fogo de Deus pode consumir-nos (‘okhel), para tornar-nos como um vaso (keliy), dobrando (mikhlah) nossa vontade, para brilhar e tornar nossas vestes brancas e puras como a noiva (kallah) de Cristo, e funcionar como um combustível (ma’akholeth) que sustenta (kul) nossa fé. Ou, se formos rebeldes, pode funcionar como uma prisão (kele’) para refrear (kala’) nossa rebeldia, já que nos tornamos vilões (kelay) diante de Deus, e não mais povo seu, mas apenas estrangeiros misturados (kil’ayim) no meio de seu povo, como era o caso desses murmuradores.

g) Extremidade (Hb. Qatseh). Este era o local onde ficavam os estrangeiros que estavam misturados com os judeus, e que iniciaram a rebelião (Números 11.4). A raiz de qatseh (extremidade) se relaciona com a ideia de “cortar” (qatsah). Ou seja, estes que estavam na extremidade (qatseh) e foram cortados (qatsah) não eram do povo de Deus. Assim como a circuncisão, que é também o corte de uma extremidade do corpo e que faz com que a pessoa se torne parte do povo de Deus, o Senhor cortou o povo que não pertencia a ele, para tornar o resto do corpo uma propriedade divina.

h) Arraial (Hb. Machaneh). A raiz é formada por duas letras, chet (parede) e nun (semente, continuidade), que unidas trazem a ideia de “parede contínua”, porque o arraial era formado por vária tendas, cada uma pertencente a uma família, que formavam um círculo com uma parede contínua, que protegia o povo. Era uma imagem tão bela que a raiz da palavra machaneh (tenda) é chen, que significa “beleza”. Foi essa beleza que impressionou Balaão quando estava prestes a amaldiçoar os judeus. Tal beleza o fez titubear em seu mau intento (Números 24.5-6). Deus destruiu a extremidade do arraial para preservar a beleza do acampamento, pois o Senhor repreende aqueles a quem ele ama (Provérbios 3.12).

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