quarta-feira, 21 de março de 2012

Desvendando o Original Drops: Deus

domingo, 18 de março de 2012

terça-feira, 13 de março de 2012

Pneumatologia – Aula 02

1- A passagem de Gênesis 6.3 é muito popular nos meios cristãos. Todavia, propomos aqui uma nova abordagem desse texto, analisado a partir do original hebraico. O versículo em questão diz o seguinte:

2- “Então, disse o SENHOR: O meu Espírito não agirá para sempre no homem, pois este é carnal; e os seus dias serão cento e vinte anos” (Gênesis 6.3 – Almeida Revista e Atualizada).

3- Em hebraico, porém, o texto fica da seguinte maneira:

ויאמר יהוה לא־ידון רוחי באדם לעלם בשׁגם הוא בשׂר והיו ימיו מאה ועשׂרים שׁנה׃


vayyo’mer Adonay lo’-yâdhon ruchiy bhâ’âdhâm le`olâm beshaggam hu’ bhâsâr vehâyu yâmâyv mê’âh ve`esriym shânâh

4- O Espírito de Deus lutou com o homem através da pregação de Noé (1 Pedro 3.19), mas o esforço foi em vão na maioria dos casos. O homem se corrompeu em grau irreversível, de modo que a luta do Espírito com a humanidade não produziu resultados.

5- Por esta razão, o Senhor promulgou um julgamento, que ocorreria após cento e vinte anos. Por esta razão, vemos que Deus prorrogou o dia do julgamento para dar mais tempo ao homem para que o este se arrependesse. A justiça clamava pela punição, mas a misericórdia de Deus pedia mais tempo para que mudassem de vida. Enquanto a misericórdia prevalecia, Deus adiava o julgamento.

6- Seguindo esta linha de raciocínio, podemos fazer uma nova tradução do versículo:

7- “E aquele que existe ordena: O meu caminho não estará no terroso para orientá-lo à porta da vida, que conduz à eternidade, pois tem negligenciado caminhar em direção ao manancial, contemplando a carne. O mar que traz o terror chegará daqui a cento e vinte anos” (Tradução Daniel Lago).

8- Explicamos a tradução acima. A palavra hebraica para “espírito” é ruach, que procede da raiz rach, que significa “jornada” ou “caminho”. Por sua vez, a expressão lo’-yâdhon (traduzida por “não agirá”) é composta pelo o radical diyn, que significa “contender”, “julgar”. Este radical, porém, vem do termo dan, que significa “juiz”. Mas a palavra dan é formada pela letra daleth (que significa “porta”) e pela letra nun (que significa “continuidade”). Por isso, o termo dan, significa, literalmente, “a porta da continuidade” ou “a porta da vida”.

9- A expressão beshaggam é formada pela união da preposição be (“em”), unida à expressão shal (“pois” ou “negligenciar”) com o termo gam (“junto” ou literalmente “pessoas reunidas ao redor do poço à procura de água”, isso porque é formado pelas letras guímel, que significa “pé”, e mem que significa “água”).

10- O termo hebraico para “ele” é hu’, palavra cuja letra hei remete a uma atitude de contemplar o outro. Por fim, a expressão yâmâyu, traduzida por “os seus dias”, vem de yom, que significa “dia”, mas está relacionada com hum, que significa “pranto”, “tumulto”, “caos” e “destruição”. Isso porque, para os antigos hebreus, o mar era um local perigoso e desconhecido.

11- Assim, podemos ler o texto de Gênesis 6.3 como o anúncio da condenação divina àquela geração dos tempos de Noé, que buscava somente os prazeres da carne.

12- Deus anuncia que a punição viria em cento e vinte anos, número que mostra Deus esperando que o povo se arrependesse, pois o número quarenta (que simboliza um período de correção) aparece aqui multiplicado por três, o que indica uma tripla porção de misericórdia da parte de Deus.

13- Além disso, quando terminou o período de cento e vinte anos, Deus ainda deu mais um tempo de sete dias para que o povo se arrependesse de seus maus caminhos (Gênesis 7.4).

14- Foi por isso que o Espírito foi retirado deles, pois o sopro de Deus indicava o caminho que se devia seguir, mas o povo ia pelo caminho oposto.

15- Fica a reflexão: Deus é tardio em irar-se, e sem o Espírito Santo não somos capazes de trilhar o caminho do Senhor.

Escatologia – Aula 02 (Resumo)

1- A escatologia é uma corrente de pensamento que existe desde os primórdios e que é especial na cultura e pensamento judaicos.

2- Ela se relaciona a uma visão particular do mundo, e uma específica relação com o tempo.

3- Nas sociedades antigas, o tempo era geralmente visto geralmente como circular. Os judeus, porém, devido ao messianismo, inauguram uma visão linear do tempo.

4- A palavra hebraica para tempo nos mostra essa curiosa dicotomia entre uma visão de tempo circular e uma visão de tempo linear.

5- O Antigo Testamento entende o tempo como tendo uma natureza cíclica. Isto se reflete na palavra hebraica שנה (shaná), que significa “ano”, mas que também pode significar “repetição”.

6- Cada ano, na cosmovisão judaica, representa um ciclo completo de determinados eventos de natureza espiritual estabelecidos por Deus, que se repetem anualmente.

7- Todavia, ao mesmo tempo, cada ano também é, em si, único. Isto também fica revelado na própria palavra שנה (shaná), que além de significar “repetição”, está relacionada ao verbo “shonê”, que significa “mudança”.

8- Embora o padrão de tempo seja repetido, a cada ano novos mistérios da realidade espiritual são revelados, e que determinam a natureza dos acontecimentos que se sucederão naquele ano.

9- É por esta visão do tempo enquanto mudança que os judeus são considerados o primeiro povo que incorporou uma visão linear do tempo, que aponta para um momento futuro em que se daria a consumação das profecias messiânicas.

10- Esta contradição repetição/mudança está, portanto, também presente na promessa do Messias, o Rei Ungido que confirmaria o cetro de Judá, a quem todos os povos deveriam obedecer.

11- Ao mesmo tempo em que eventos anteriores à manifestação do Messias já haviam anunciado sua vinda (o quase-sacrifício de Isaque; o Siló profetizado por Jacó; José tirado do poço e da prisão para reinar; o sacrifício de Nabote em favor de sua vinha, etc), ele teve um cumprimento, que, de forma definitiva, determinou uma mudança eterna, pois, desde então, não há mais derramamento de sangue para remissão de pecados, pois Cristo “entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, tendo obtido eterna redenção” - Hebreus 9:12. Este é o Siló profetizado por Jacó:

12- “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos”. Gênesis 49:10

13- A palavra para cetro é o hebraico (sebet) שבט, que significa “ramo”, “tronco”, o que nos remete à profecia feita por Isaías sobre o Messias:

14- “Então brotará um rebento do toco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará” - Isaías 11:1

15- Este ramo ou tronco, que é Cristo, tem inúmeras finalidades: punir, lutar, reger e bengala. Este tronco rompeu o círculo do tempo, e, como um átomo que, carregado, extrapola para uma camada superior, nos fez romper a barreira do espaço-tempo.

16- Siló (literalmente, “o enviado”) vem da palavra hebraica shalah, que pode significar tanto “segurança”, “prosperidade”, “felicidade”, como, através da palavra shalal, significar “extrair”, “tirar de”, “arrebatar”.

17- Cristo, portanto, é o Deus que saiu da eternidade (olam) e entrou no tempo (êth) para nos levar para a eternidade.

18- Assim também, a primeira vinda de Cristo representa uma prefiguração de sua segunda vinda, quando seremos realmente levados, arrebatados (shalal), em um momento que precederá seu reino eterno, como a profecia de Jacó concernente a Siló.

19- Siló representa, portanto, a consumação dos tempos, o momento em que o tempo circular será quebrado, através de uma mudança que colocará fim ao próprio tempo, dando início à eternidade, que os judeus chamam de עלם הבה (‘olam ha ba, que significa “o mundo vindouro”).

20- Todavia, a palavra hebraica para “mundo” (‘olam), também, pode significar “eternidade”, como na expressão le’olam (para sempre, ou, literalmente, “para o mundo”).

21- Quando diz “para o mundo”, não se refere a este mundo, delimitado pelo tempo, mas sobre o mundo vindouro, sobre o qual não opera o poder do tempo, posto que é eterno.

domingo, 11 de março de 2012

Resumo da aula 06 - Deuteronômio (ministrada dia 09/03/12)

Deuteronômio – Aula 06

Cap 18

I – Direitos dos Levitas (18.1-8)

1- Direito dos levitas. Eles tinham o privilégio de servir a Deus e conduzir o povo, mas seu sustento era completamente baseado na provisão divina.

2- Eles não tinham direito à terra (‘Erets – rateio, divisão).

II – Condenação de costumes pagãos (18.9-13)

1- Não imitar os costumes nojentos (abomináveis) dos povos cananeus.

2- Em hebraico, abominação é To’ebah (“algo que provoca ódio”). Relacionado a To’ah (“erro”).

3- Deus está expulsando os cananeus daquela terra exatamente devido àquelas abominações (18.12).

III – Promessa de um outro profeta (18.14-19)

1- Suscitarei - Em hebraico, Qum – Horizonte + caos = “Aquele que se levanta pó sobre o caos”, ou “aquele que se levanta por cima das águas”. Semelhante a João 1.21.

2- Profeta – Navi’ (“aquele de cujo interior brota uma semente”).

3- Do meio - Qereb (Também, “de um ataque”).

4- Que eu lhe ordenar – Tsavah (relacionado a “mitsvah”, mandamento).

5- No meu nome – Bashemi (pode significar “com o meu aroma”, ou “nos céus”, como em Salmos 68.34).

Cap. 19

I – Cidades para fugitivos (19.1-13)

1- Deus reservou um lugar de socorro para os inocentes. Semelhante a João 14.1 ou a ponta do altar.

II – As testemunhas (19.15-21)

1- Duas testemunhas, como as duas oliveiras de Zacarias 4.3 e Apocalipse 11.3.

2- Testemunha – ‘Ed (“olhar para a porta”). Cristo é a porta (João 10.7).

Cap. 20

I – Leis de Guerra

1- Deus está com eles para lutar as batalhas (20.4).

Cap. 21

I – Crimes de morte

1- No caso de uma morte cujo assassino não é punido, a terra fica amaldiçoada. Para retirar tal maldição, uma bezerra deve morrer para expiar o pecado (21.4).

2- Bezerra – ‘Eglah (Relacionado a Ma’galah, “trincheira”).

3- Eles deveriam lavar as mãos em um local de águas correntes (21.4 – ‘eythan, “permanência”), indicando que não foram culpados por aquela morte (21.6-7), realizando o costume (Salmos 26.6) que foi repetido por Pilatos quando entregou Jesus (Mateus 27.24). Assim o pecado era expiado e a maldição retirada (21.9).

II – O Filho que vive na noitada (21.18-21)

1- Teimoso – Sarar (“que se desviou do caminho”, ou seja, “das indicações da torah”).

2- Rebelde – Marah (“Amargurado”).