1-
17.5 Bronze
(Hb. nechosheth).
Diretamente relacionado a nachash, “adivinhações” (Gênesis
44.5), “agouros” (2 Reis 17.17), “encantamento” (Números 23.23), “serpente”
(Gênesis 3.1).
2-
O curioso é que, apesar de a narrativa descrever a
estatura e força de Golias, Deus, no capítulo anterior, já havia dado um
importante ordem: “Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura” (1
Samuel 16.7).
3-
A observação, feita sobre Saul, valia também como um
conselho profético para Golias.
4-
17.10 Afronto
(Hb. cheraphtiy).
Esse termo (charaph) aparece seis vezes neste capítulo (versículos 10, 25,
26 [duas vezes], 36, 45). Assim, a ideia de “afronta” é central neste capítulo.
5-
A palavra charaph (“afrontar”) também é
traduzida como “expor” (Juízes 5.18).
6-
A afronta de Golias serviu para expor a real condição
de Israel: não havia um soldado valente em Israel e nenhum homem capaz de
derrotar Golias. Entre eles, nenhuma havia que possuísse uma capacitação divina
suficiente para fazê-lo ter coragem para derrubar o gigante.
7-
O herói deveria ser buscado fora da lista de soldados
alistados.
8-
O termo charaph
(“afrontar”) está diretamente relacionado com choreph (“inverno” –
Gênesis 8.22), pois o frio é como um objeto perfurante.
9-
A afronta de Golias traz uma frieza espiritual, uma
ofensa que penetra a alma e machuca como o frio.
10-
17.15 E voltava (Hb. vashav).
Ao contrário dos irmãos de Davi, que seguiam Saul e permaneciam, Davi voltava.
Seus irmãos eram seguidores de Saul: eram grandes, fortes e belos, uma ótima
imagem, mas sem a presença de Deus.
11-
17.16 Quarenta
dias. Na Bíblia, o número 40 simboliza completude. Se relaciona com a
duração de um período de prova ou tribulação, quando a fé de uma pessoa ou povo
é testada. Os israelitas foram escravizados durante 400 anos. Depois, o povo
ficou 40 anos sendo provado no deserto. A vida de Moisés pode ser dividida em
três períodos de 40 anos: no Egito; em Midiã; conduzindo o povo no deserto.
Moisés ficou duas vezes 40 dias no Sinai recebendo as orientações divinas. Trezentos
anos depois, Elias ficou também 40 dias no mesmo. No dilúvio, choravam 40 dias.
Jesus jejuou 40 dias no deserto. Após a ressurreição, Jesus permaneceu 40 dias
na Terra. No cenáculo, havia 120 cristãos. Depois de 40 anos após a ascensão de
Jesus, Jerusalém foi destruída pelos romanos. Há a quarentena, o resguardo e a
quaresma.
12-
No famoso texto hebraico Pirkei Avot (“Capítulos
dos Pais” ou “Ética dos Pais”), o sábio Yehuda bem Tama ensina que o judeu
deveria estudar a Bíblia a partir dos 5 anos, o Mishná aos 10 anos e o
discernimento (binah) ou seja, os “estudos profundos” aos 40 anos. Isso porque
o Mishnah (Yoreh De'ah, ch. 246 s.k. 6) ensina que 40 anos é a idade da
sabedoria, ou seja, depois que o homem foi provado, aprendeu com seus erros e
se tornou maduro.
13-
Ou seja, as palavras de Golias provaram o povo durante
40 dias. Mas ninguém foi achado digno de enfrentá-lo. Mas um menino de fora,
que não fazia parte do exército, que não seguia Saul, foi lá e enfrentou o
gigante.
14-
Quem será que derrotará o gigante dos dias atuais?
15-
17.17 Leva,
peço-te (Hb. qach na'). O curioso é que “peço-te”
(na’),
que também pode ser traduzido como “por favor”, aparece como “cru” em Êxodo 12.9.
Ou seja, podemos ler “Leva, cru”. Ou seja, o alimento que realmente estava
sendo levado era o próprio Davi que, embora aos olhos dos homens fosse cru, era
o sacrifício vivo ao Deus eterno.
16-
17.17 Pães
(Hb. lechem).
Palavra que soa muito parecida com “peleja” (lecham – Salmo 35.1), “guerra”
(lachem
– Juízes 5.8) ou “oprimir” (lacham – Salmo 56.1). Ou seja, Jessé
estava dizendo simbolicamente a Davi: “Leve peleja, guerra e opressão, mostre a
seus irmãos como age um verdadeiro soldado”.
17-
17.18 Queijo
(Hb. chalab
- "gordura"). Vem de cheleb, "o escolhido",
"o melhor", "abundância". Jessé esta entregando uma honra
ao príncipe (Hb. Sar) do exército. Mas mal sabia ele que Davi seria, em breve,
nomeado como chefe de tropas e que, espiritualmente, era muito mais do que um
príncipe (Hb. Sar), era um Rei (Hb. Melech).
18-
17.18 Trarás uma prova ('arubbah).
Pode significar "fiança". Ou seja, Davi estava indo pagar uma fiança
para seus irmãos, ou seja, livra-los da humilhação de ver o gigante ofender
Israel e seu Deus e não ter coragem de desafiá-lo. Significa também
"mercadoria trocada". Ou seja, Davi iria trocar de lugar com seus
irmãos, alistando-se no exército não como um mero soldado, mas como um chefe de
tropas, um posto nunca alcançado por seus irmãos em todos os anos que serviram
como militares.
19-
17.19 Vale
de Elá (Hb. ‘emeq ha'elah). Enquanto vale em hebraico ('emeq, que vem de 'amaq),
se relaciona à ideia de "profundidade" e "aprofundar", Elá
(Hb. 'Elah,
"carvalho") se relaciona a 'ayil, que pode significar
"cordeiro sacrificial". Ou seja, o vale de Elá pode significar,
simbolicamente, um carvalho com raízes profundas, ou seja, algo firme que
estava sendo estabelecido. Assim, naquele local, Davi derrotou o gigante e
criou raízes profundas e firmes em Israel, que passaria a se tornar uma nação
invencível, pois ele mesmo entregou sua vida como um sacrifício vivo ao Senhor.
20-
17.23 Golias
falou... Davi ouviu. São dois verbos hebraicos, daber e shama',
este, relacionado à observância dos mandamentos e à fidelidade à Palavra de
Deus.
21-
17.25 Homem
que subiu (Hb. ha‘iysh ha‘oleh). Em hebraico, a
expressão “que subiu” (Hb. ha‘oleh) soa muito parecida com “holocausto”
ou “oferta queimada” (Hb. ha’olah – Gênesis 22.6) e com “sacrificar”
(Hb. ho`alah).
Ou seja, Golias subiu com sua arrogância, verto de que esmagaria qualquer um
que se coloca em seu caminho. Mas, na verdade, ele mesmo estava prestes a ser
derrotado e a vitória creditada a Deus como um holocausto.
22-
17.25 Subiu (‘oleh).
Soa muito parecido com ‘illah, que significa “motivo”,
“pretexto” ou “ocasião” (Daniel 6.4). Ou seja, Golias, o homem “que subiu” foi,
na verdade, aquele que criou uma ocasião para que Davi – e consequentemente
Yehowah – fosse exaltado.
23-
17.26 Então
falou Davi (Hb. vayyo'mer dâvidh). Esta é a primeira
vez que Davi fala no texto bíblico. Quem fala demais, sua voz perde o valor.
Mas o sábio que escuta muito, e fala pouco, tem sua palavra extremamente
valorizada. As palavras de Davi aqui pronunciadas foram tão poderosas que
tinham um peso equivalente ao de Golias.
24-
17.26 Quem é, pois, este
incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo? Davi traz uma nova visão de mundo, uma nova perspectiva
que incluía a ação do Deus Eterno.
25-
Antes, o povo de Israel via Golias como um homem
imbatível. Davi o via apenas como um incircunciso.
26-
17.28 Ira
(Hb. ‘aph).
Termo que se relaciona com a palavra que mais aparece neste capítulo, charaph,
“afronta”. Ou seja, o mesmo espírito de afronta que estava em Golias agora se
manifesta através da ira de Eliabe.
27-
17.28 Contra Davi (Hb. bedhâvidh).
O curioso é que a expressão “contra Davi” (bedhâvidh) soa muito parecida com
“na panela” (bhaddudh). Tanto o nome Davi (“o amado”) quanto o termo panela
(dud)
se relacionam com dod (“amor”) e trazem a ideia de calor. Em Davi havia o calor
do amor de Deus, pois ele amava o Senhor e este o amava. Além disso, nele havia
o calor do zelo pelo povo de Deus, por isso ele estava preparado a lutar contra
tudo aquilo que ofendesse seu Deus e seu povo.
28-
17.28 Poucas ovelhas. Falou isso em desprezo
a Davi, assim como Golias também faria.
29-
Na verdade, Davi precisa derrotar três Golias, pois Eliabe
expressa o desprezo de Golias e Saul é um reflexo da mente do gigante, pois julgou
que somente um soldado experiente poderia lutar com o filisteu.
30-
17.35 Feri (Hb. nakah).
Davi
usa esse verbo 3 vezes entre os versículos 35 e 36. Traz a ideia de esmagar semente,
nak
(Kn), para produzir tempero.
31-
17.36 Davi chama Golias de
animal por ter ofendido o Deus vivo.
32-
17.37 Ele me
livrará. Davi atribui sua chance de vitória a Deus, e não a sua habilidade
militar, sorte ou audácia.
33-
Golias serviu apenas para dar publicidade a Davi como rei
e ao Deus que ele serve.
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