sexta-feira, 19 de julho de 2013

A Jornada Mundial da Juventude e a vinda do Papa ao Brasil



1-    Creio que ninguém tem dúvida de que a Jornada Mundial da Juventude é parte de uma estratégia de propaganda do Catolicismo Romano.
2-    Na verdade, o termo “propaganda” foi cunhado pela própria Igreja.
3-    Nasceu da abreviação de Congregatio de Propaganda Fide, congregação de cardeais estabelecida em 1622 pelo Papa Gregório XV para supervisionar a propagação da fé cristã nas missões estrangeiras.
4-    Ocupa-se das questões referentes à propagação da fé católica no mundo inteiro.
5-    Ou seja, a Igreja Católica é especialista em propaganda, do contrário, não estaria em atividade há dois mil anos.
6-    Na verdade, há respaldo bíblico para dizer que até mesmo os filhos das trevas são melhores em propaganda que os filhos da luz:

“E o patrão desse administrador desonesto o elogiou pela sua esperteza. E Jesus continuou: — As pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz” (Lucas 16.8).

7-    Segundo Malachi Martin (The Jesuits. Nova Iorque: Simon e Schuster Paperbacks, 1987), falecido jesuíta e insider que abriu para o mundo vários segredos do Vaticano, os Papas Pio XII (1939-1958), João XXIII (1958-1963), Paulo VI (1963-1978) e João Paulo I (1978-1978) se viram diante de um mundo novo, e não conseguiram se adaptar a este novo cenário: o mundo divido entre Ocidente Capitalista (liderado pelos EUA) e o oriente socialista (com a União Soviética).
8-    Era necessário um novo líder católico que pudesse fazer frente a este “perigo vermelho”, tendo em vista que o socialismo era ateu, anticlerical e anticatólico.
9-    Foi escolhido, então, um novo líder, capacitado para a empreitada. Como diz Malachi Martin: “Um eslavo de eslavos, que fala russo além de outras duas línguas da Europa Oriental” (p. 46).
10-                      Esse era o polonês Karol Wojtyla, que assumiu o nome de João Paulo II.
11-                      Este era o homem certo para lidar com o perigo russo. Falava russo, era eslavo, da Europa Oriental. Possuía a origem geográfica e as habilidades culturais e linguísticas para lidar com o problema. E lidou muito bem.
12-                      Hoje, vivemos em um mundo completamente diferente. No final do reinado de João Paulo II, ele mesmo se viu diante problemas completamente novos.
13-                      A união soviética desfaleceu, o muro de Berlin caiu, mas novos desafios surgiram.
14-                      Por um lado, os jesuítas haviam claramente deixado seu posto de “homens do Papa”, e cada vez mais se envolviam com a proposta de um “cristianismo marxista”, trazido pela Teologia da Libertação, fundada pelo jesuíta (dominicano a partir de 1998) Gustavo Gutiérrez.
15-                      Além disso, os jesuítas também começaram a apoiar o homossexualismo, como John J. McNeil, e o aborto, como Robert F. Drinan, com a anuência e apoio do chefe dos Jesuítas à época, o Padre General Pedro Arrupe.
16-                      Por outro lado, a queda do número de católicos e o aumento dos evangélicos, principalmente na América Latina, era outro desafio diante de João Paulo II.
17-                      É por esta razão que João Paulo II não somente foi o primeiro Papa a visitar o Brasil, mas o fez em três ocasiões: 1980, 1991 e 1997.
18-                      Em sua primeira vinda, beatificou o jesuíta José de Anchieta, em evento realizado em Fortaleza. Na segunda vez, visitou a irmã Dulce em Salvador. Na terceira vez, em 1997, encontrou um Brasil diferente, mais evangélico, por isso, veio ao Rio e aqui permaneceu por quatro dias.
19-                      Se por um lado a eleição de João Paulo II foi adequada para a tarefa de combater o “perigo vermelho”, a eleição do jesuíta argentino, filho de italianos, Jorge Mario Bergoglio foi super adequada para o novo desafio: conter o avanço da Igreja Evangélica, superar os escândalos e conviver em um mundo ameaçado pela redução no número de fiéis, o terrorismo islâmico e a crise financeira que assola a Europa e os EUA.
20-                      Este novo Papa marcou uma série de novidades nos dois milênios de Catolicismo Romano.

a)     Primeiro Papa Jesuíta (Ordem criada com o principal objetivo de conter o avanço de Igreja Protestante no mundo);
b)    Primeiro Papa não Europeu;
c)     Primeiro Papa do Hemisfério Sul;
d)    Primeiro Papa das Américas;
e)     Primeiro Latino americano (perfeito para conter o avanço da Igreja Evangélica neste local onde mais cresce);
f)      Primeiro argentino (fala idioma da região);
g)     Primeiro a escolher o nome Francisco. Em uma época em que o Catolicismo tem enfrentado grandes escândalos, este ato traz esperança de que a Igreja retorne à simplicidade Francisco de Assis. O problema é que a homenagem é, ao mesmo tempo, a Francisco Xavier, um dos fundadores dos Jesuítas.

21-                      Por um lado, Bergoglio parece ser anticomunista e reacionário, tendo em vista suas manifestações públicas contra o aborto e o homossexualismo.
22-                      Sua ação antimarxista pode ser confirmada por suas ações durante a ditadura militar na Argentina.
23-                      Em 2005, um advogado associado à luta pelos direitos humanos entrou com um processo contra Bergoglio, por associação com o sequestro de dois padres em maio de 1976 ("Argentine Cardinal Named in Kidnap Lawsuit". Los Angeles Times. 17 April 2005. Retrieved 2013-03-13).
24-                      Os padres Orlando Yorio e Franz Jalics foram, torturados, mas encontrados vivos cinco meses depois, drogados e seminus ("Pope Francis Is Known For Simplicity And Humility". Associated Press. 13 March 2013. Retrieved 13 March 2013).
25-                      Yorio acusou Bergoglio de efetivamente entregá-los aos esquadrões da morte ao recusar-se a apoiar seus trabalhos como padre.
26-                      Em uma entrevista de 1999, Yorio (falecido em 2000) afirmou que Bergoglio não havia feito nada para ajudá-los a sair da prisão, mas “exatamente o oposto” (Miroff, Nick (17 March 2013). "Pope's activity in Dirty War Draws Scrutiny". Chicago Tribune (Sec. 1). Washington Post. p. 27).
27-                         O outro padre, Jalics, nunca havia se pronunciado sobre o assunto, tendo se transferido para um monastério alemão (Miroff, Nick (17 March 2013). "Pope's activity in Dirty War Draws Scrutiny". Chicago Tribune (Sec. 1). Washington Post. p. 27).
28-                      Porém, dois dias após a eleição do papa, Jalics se pronunciou dizendo que havia sido preso pois um antigo amigo que havia se envolvido com os rebeldes mencionara seu nome de o de Yorio durante uma sessão de tortura ("Pope Francis did not denounce me to Argentinian junta, says priest". The Guardian. March 21, 2013. Retrieved March 21, 2013 + "Second Declaration of Father Franz Jalics SJ" (in German). German Jesuit Web site. 20 March 2013).
29-                      Por outro lado, há quem defenda que Bergoglio seja simpático à Teologia da Libertação.
30-                      Roberto Bosca, da Universidade de Astral, em Buenos Aires, defende que Bergoglio tem semelhanças com a Libertação, principalmente com seu interesse pelos pobres, mas de uma maneira não ideológica (Coday, Dennis (2013-03-18). "Hard questions about Francis in Argentina and a lesson from Chile". Ncronline.org. Retrieved 2013-06-23.).
31-                      Leonardo Boff, um dos pioneiros da Teologia da Libertação, também mostrou sua empolgação com o novo papa ("Liberation Theology Supporters Say Pope Francis Can Fix Church 'In Ruins'". Huffingtonpost.com. Retrieved 2013-06-23.).
32-                      Rachel Donadio, do New York Times, também defende a vinculação de Bergoglio com a Teologia da Libertação (Francis’ Humility and Emphasis on the Poor Strike a New Tone at the Vatican).
33-                      A Jornada Mundial da Juventude.
34-                      No livro World Youth Day: From Catholicism to Counterchurch (Canisius Books, 2005) os autores católicos Corneila Ferreira e John Vennari explicam as origens e o objetivo da Jornada Mundial da Juventude.
35-                      No primeiro capítulo eles mostram como os objetivos traçados pelo Concílio Vaticano II se materializam na JMJ. Nos discursos que compõem este novo tipo de catolicismo, as palavras “comunidade” e “peregrinação” ganham novos sentidos e colaboram para a criação de um novo conceito de Igreja, que parte de um ecumenismo que pessoas de outros credos e até mesmo não religiosos.
36-                      A ideia é abrir mão da doutrina em favor da reunião de todos sob a bandeira do Catolicismo enquanto religião universal, global, que implementa o que João Paulo II chamava de “unidade sem fronteiras” (p. 118), expressão usada sempre que se dirigia à juventude.
37-                      A propaganda da Jornada sempre traz a ideia de peregrinação. Mas não com o antigo conceito católico de visita a um local sagrado, mas uma jornada de “descoberta pessoal”, rejeitando o “velho caminho” e as autoridades de modo que possam responder às questões religiosas de nosso tempo.
38-                      Tal perspectiva é divulgada como uma forma superior de espiritualidade, mais democrática e contemporânea se comparada à antiga Igreja que definia doutrinas e princípios morais.
39-                      Até mesmo o dogma deve ser abandonado, pois é visto como um elemento de divisão, e não de união ou “comunidade” (p. 30-36).
40-                      Em vez de pregar a doutrina tradicional católica, os jovens são incentivados a celebrar a si mesmos, abraçando e “trocando experiências” com pessoas de todos os credos.
41-                      Na verdade, segundo o livro, não é nem mesmo exigido que os facilitadores que trabalham no evento sejam católicos.  
42-                      A união é baseada em uma perspectiva de que todas as religiões são válidas e todos os deuses podem ser adorados. Na JMJ ocorrida no Canadá, por exemplo, católicos participaram de ritos cerimoniais indígenas ao “grande espírito”.
43-                      O código moral também é relativizado. Homens e mulheres jovens, solteiros, acampam juntos, dormem em uma mesma barraca, cantam, pulam e dançam de tal maneira que a imprensa canadense chamou o vento de “noitada do Papa” (p. 65).
44-                      No capítulo 5, os autores mostram as origens da Jornada Mundial da Juventude, criada por grupos progressistas nem sempre identificáveis surgidos após o Concílio Vaticano II, que têm como objetivo criar uma nova Igreja com base no princípio da “comunidade”.
45-                      Movimentos como o Focolare, Comunhão e Libertação (ao qual o atual Papa Francisco esteve associado) e Caminho Neocatecumenal.    
46-                      A JMJ segue, por exemplo a “fórmula” do Movimento Focolare: bandas, danças, testemunhos e gritos, seguindo o princípio de “histeria de massa manipulada” da fundadora Chiara Lubich, que incentivava a “espiritualidade da união”.
47-                      Além disso, os princípios ecumênicos que orientam todos estes movimentos rumo a uma nova Igreja estão presentes na JMJ.  Grande parte dos diretores e organizadores da JMJ são membros de um dos três grupos citados acima.
48-                      No capítulo 6, os autores afirmam que este movimento em direção a esta Nova Igreja surge com a combinação de forças da maçonaria, comunismo, humanismo e modernismo teológico.
49-                      Um dos grandes expoentes desta nova visão do catolicismo baseada na iluminação e “experiência pessoal” foi o jesuíta Teilhard de Chardin.
50-                      O pensamento de Chardin teve grande influência no jesuíta e teólogo modernista Karl Rahner, eu defendia que a unidade só poderia surgir com a queda do dogma da infalibilidade, a flexibilidade no casamento e a defesa da liberdade sexual (The Jesuits, p. 23).
51-                      Karl Rahner foi o mentor intelectual do outro teólogo progressista, Joseph Ratzinger, que se tornou o Papa Bento XVI, que foi acusado por muitos jornalistas, insiders e nos documentos chamados Vatileaks de ser homossexual.    
52-                      Ou seja, a JMJ funciona não somente para trazer um novo catolicismo, mais atraente aos jovens, mas para conter o avanço das Igrejas Evangélicas e trazer ao mundo a religião universal, ecumênica e sincretista, dos últimos dias. Veja o que Alcelmo Góes publicou em sua coluna no Jornal O Globo, sob o título “Tamo junto e misturado”:

Na Bahia de todos os santos, o pessoal do candomblé torce para que a visita do Papa Francisco seja um sucesso. Seria uma maneira de conter o crescimento das igrejas evangélicas, muitas das quais satanizam as religiões de origem africana... O babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, e Lina D’Oxumarê, sacerdotisa do terreiro Axé Bamgbosé, terão encontros com o Papa Francisco em sua visita ao Rio.


53-                      Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude: sinal da confusão babilônica.
54-                      A Cruz Peregrina. Por um lado, o primeiro símbolo da JMJ, é uma cruz sem o Cristo entregue pelo papa João Paulo II jovens do Centro Juvenil Internacional São Lourenço em Roma em 1984. Na ocasião, o papa disse o seguinte:

Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção.

55-                      Isso parece tudo muito bíblico. Mas o segundo símbolo mostra a verdade.
56-                      O Ícone de Nossa Senhora. Conhecida como  “Protetora do Povo Romano”, “Salvação do Povo Romano” ou “Saúde do Povo Romano”, o ícone é o maior objeto de devoção a Maria em Roma.
57-                      Quando entregou o ícone aos peregrinos em 2003, o Papa João Paulo II disse o seguinte:

Hoje eu confio a vocês o Ícone de Maria. De agora em diante ele vai acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude, junto com a Cruz. Contemplem a sua Mãe! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens que são chamados, como o Apóstolo João, a acolhê-la em suas vidas.

58-                      O conceito de ícone é muito peculiar no Catolicismo Oriental. Acredita-se que muitos desses ícones têm poderes mágicos, por terem sido criados por anjos ou surgido espontaneamente, como é o caso dos Acheiropoieta (“não feitos por mãos”), como a Imagem de Edessa, o Véu de Verônica, o Santo Sudário e a Imagem do Palácio de Latrão.










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