1- Creio que
ninguém tem dúvida de que a Jornada
Mundial da Juventude é parte de uma estratégia de propaganda do Catolicismo
Romano.
2- Na
verdade, o termo “propaganda” foi cunhado pela própria Igreja.
3- Nasceu da
abreviação de Congregatio de Propaganda Fide, congregação de cardeais
estabelecida em 1622 pelo Papa Gregório XV para supervisionar a
propagação da fé cristã nas missões estrangeiras.
4- Ocupa-se
das questões referentes à propagação da fé católica no mundo inteiro.
5- Ou seja, a
Igreja Católica é especialista em propaganda, do contrário, não estaria em
atividade há dois mil anos.
6- Na
verdade, há respaldo bíblico para dizer que até mesmo os filhos das trevas são
melhores em propaganda que os filhos da luz:
“E o patrão desse administrador desonesto
o elogiou pela sua esperteza. E Jesus continuou: — As pessoas deste mundo são
muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem à luz” (Lucas
16.8).
7- Segundo Malachi Martin (The Jesuits. Nova Iorque:
Simon e Schuster Paperbacks, 1987), falecido jesuíta e insider que abriu para o mundo vários segredos do Vaticano, os Papas
Pio XII (1939-1958), João XXIII (1958-1963), Paulo VI (1963-1978) e João Paulo I (1978-1978) se viram
diante de um mundo novo, e não conseguiram se adaptar a este novo cenário: o
mundo divido entre Ocidente Capitalista (liderado pelos EUA) e o oriente socialista
(com a União Soviética).
8- Era
necessário um novo líder católico que pudesse fazer frente a este “perigo
vermelho”, tendo em vista que o socialismo era ateu, anticlerical e
anticatólico.
9- Foi
escolhido, então, um novo líder, capacitado para a empreitada. Como diz Malachi
Martin: “Um eslavo de eslavos, que fala russo além de outras duas línguas da
Europa Oriental” (p. 46).
10-
Esse era o polonês Karol Wojtyla,
que assumiu o nome de João Paulo II.
11-
Este era o homem certo para lidar com o perigo russo. Falava russo, era
eslavo, da Europa Oriental. Possuía a origem geográfica e as habilidades
culturais e linguísticas para lidar com o problema. E lidou muito bem.
12-
Hoje, vivemos em um mundo completamente diferente. No final do reinado
de João Paulo II, ele mesmo se viu diante problemas completamente novos.
13-
A união soviética desfaleceu, o muro de Berlin caiu, mas novos desafios
surgiram.
14-
Por um lado, os jesuítas haviam claramente deixado seu posto de “homens
do Papa”, e cada vez mais se envolviam com a proposta de um “cristianismo marxista”,
trazido pela Teologia da Libertação, fundada pelo jesuíta (dominicano a partir
de 1998) Gustavo Gutiérrez.
15-
Além disso, os jesuítas também começaram a apoiar o homossexualismo,
como John J. McNeil, e o aborto,
como Robert F. Drinan, com a
anuência e apoio do chefe dos Jesuítas à época, o Padre General Pedro Arrupe.
16-
Por outro lado, a queda do número de católicos e o aumento dos
evangélicos, principalmente na América Latina, era outro desafio diante de João
Paulo II.
17-
É por esta razão que João Paulo II não somente foi o primeiro Papa a
visitar o Brasil, mas o fez em três ocasiões: 1980, 1991 e 1997.
18-
Em sua primeira vinda,
beatificou o jesuíta José de Anchieta, em evento realizado em Fortaleza. Na segunda vez, visitou a irmã Dulce em
Salvador. Na terceira vez, em 1997,
encontrou um Brasil diferente, mais evangélico, por isso, veio ao Rio e aqui
permaneceu por quatro dias.
19-
Se por um lado a eleição de João Paulo II foi adequada para a tarefa de
combater o “perigo vermelho”, a eleição do jesuíta argentino, filho de italianos,
Jorge Mario Bergoglio foi super adequada para o novo desafio: conter o avanço
da Igreja Evangélica, superar os escândalos e conviver em um mundo ameaçado pela
redução no número de fiéis, o terrorismo islâmico e a crise financeira que
assola a Europa e os EUA.
20-
Este novo Papa marcou uma série de novidades nos dois milênios de Catolicismo
Romano.
a) Primeiro Papa
Jesuíta (Ordem criada com o principal objetivo de conter o avanço de Igreja
Protestante no mundo);
b) Primeiro
Papa não Europeu;
c) Primeiro Papa
do Hemisfério Sul;
d) Primeiro Papa
das Américas;
e) Primeiro Latino
americano (perfeito para conter o avanço da Igreja Evangélica neste local onde
mais cresce);
f) Primeiro
argentino (fala idioma da região);
g) Primeiro
a escolher o nome Francisco. Em uma época em que o Catolicismo tem enfrentado
grandes escândalos, este ato traz esperança de que a Igreja retorne à
simplicidade Francisco de Assis. O
problema é que a homenagem é, ao mesmo tempo, a Francisco Xavier, um dos fundadores dos Jesuítas.
21-
Por um lado, Bergoglio parece ser anticomunista e reacionário, tendo em
vista suas manifestações públicas contra o aborto e o homossexualismo.
22-
Sua ação antimarxista pode
ser confirmada por suas ações durante a ditadura militar na Argentina.
23-
Em 2005, um advogado
associado à luta pelos direitos humanos entrou com um processo contra Bergoglio,
por associação com o sequestro de
dois padres em maio de 1976 ("Argentine
Cardinal Named in Kidnap Lawsuit". Los Angeles Times. 17 April 2005.
Retrieved 2013-03-13).
24-
Os padres Orlando Yorio
e Franz Jalics foram, torturados,
mas encontrados vivos cinco meses depois, drogados e seminus ("Pope
Francis Is Known For Simplicity And Humility". Associated Press. 13 March 2013.
Retrieved 13 March 2013).
25-
Yorio acusou Bergoglio de efetivamente entregá-los aos esquadrões da
morte ao recusar-se a apoiar seus trabalhos como padre.
26-
Em uma entrevista de 1999, Yorio (falecido em 2000) afirmou que
Bergoglio não havia feito nada para ajudá-los a sair da prisão, mas “exatamente
o oposto” (Miroff, Nick (17 March 2013). "Pope's activity in Dirty
War Draws Scrutiny". Chicago Tribune (Sec. 1). Washington
Post. p. 27).
27-
O outro
padre, Jalics, nunca havia se pronunciado sobre o assunto, tendo se transferido
para um monastério alemão (Miroff, Nick (17 March 2013). "Pope's
activity in Dirty War Draws Scrutiny". Chicago Tribune (Sec. 1). Washington
Post. p. 27).
28-
Porém, dois dias após a eleição do papa, Jalics se pronunciou dizendo
que havia sido preso pois um antigo amigo que havia se envolvido com os
rebeldes mencionara seu nome de o de Yorio durante uma sessão de tortura ("Pope
Francis did not denounce me to Argentinian junta, says priest". The
Guardian. March 21, 2013. Retrieved March 21, 2013 + "Second Declaration
of Father Franz Jalics SJ" (in German). German Jesuit Web
site. 20 March
2013).
29-
Por outro lado, há quem defenda que Bergoglio seja simpático à Teologia
da Libertação.
30-
Roberto
Bosca, da Universidade de Astral, em Buenos Aires, defende que Bergoglio tem
semelhanças com a Libertação, principalmente com seu interesse pelos pobres,
mas de uma maneira não ideológica (Coday, Dennis (2013-03-18). "Hard
questions about Francis in Argentina and a lesson from Chile". Ncronline.org.
Retrieved 2013-06-23.).
31-
Leonardo
Boff, um dos pioneiros da Teologia da Libertação, também mostrou sua
empolgação com o novo papa ("Liberation Theology Supporters Say Pope
Francis Can Fix Church 'In Ruins'". Huffingtonpost.com. Retrieved
2013-06-23.).
32-
Rachel
Donadio, do New York Times, também defende a vinculação de Bergoglio com a
Teologia da Libertação (Francis’ Humility and Emphasis on the Poor Strike a New
Tone at the Vatican).
33-
A Jornada
Mundial da Juventude.
34-
No livro World Youth Day: From Catholicism
to Counterchurch (Canisius Books, 2005) os autores católicos Corneila
Ferreira e John Vennari explicam as origens e o objetivo da Jornada Mundial da
Juventude.
35-
No primeiro capítulo eles mostram como os objetivos traçados pelo
Concílio Vaticano II se materializam na JMJ. Nos discursos que compõem este
novo tipo de catolicismo, as palavras “comunidade” e “peregrinação” ganham
novos sentidos e colaboram para a criação de um novo conceito de Igreja, que
parte de um ecumenismo que pessoas de outros credos e até mesmo não religiosos.
36-
A ideia é abrir mão da doutrina em favor da reunião de todos sob a
bandeira do Catolicismo enquanto religião universal, global, que implementa o
que João Paulo II chamava de “unidade sem fronteiras” (p. 118), expressão usada
sempre que se dirigia à juventude.
37-
A propaganda da Jornada sempre traz a ideia de peregrinação. Mas não com
o antigo conceito católico de visita a um local sagrado, mas uma jornada de “descoberta
pessoal”, rejeitando o “velho caminho” e as autoridades de modo que possam
responder às questões religiosas de nosso tempo.
38-
Tal perspectiva é divulgada como uma forma superior de espiritualidade,
mais democrática e contemporânea se comparada à antiga Igreja que definia doutrinas
e princípios morais.
39-
Até mesmo o dogma deve ser abandonado, pois é visto como um elemento de
divisão, e não de união ou “comunidade” (p. 30-36).
40-
Em vez de pregar a doutrina tradicional católica, os jovens são
incentivados a celebrar a si mesmos, abraçando e “trocando experiências” com
pessoas de todos os credos.
41-
Na verdade, segundo o livro, não é nem mesmo exigido que os facilitadores
que trabalham no evento sejam católicos.
42-
A união é baseada em uma perspectiva de que todas as religiões são
válidas e todos os deuses podem ser adorados. Na JMJ ocorrida no Canadá, por
exemplo, católicos participaram de ritos cerimoniais indígenas ao “grande
espírito”.
43-
O código moral também é relativizado. Homens e mulheres jovens,
solteiros, acampam juntos, dormem em uma mesma barraca, cantam, pulam e dançam
de tal maneira que a imprensa canadense chamou o vento de “noitada do Papa” (p.
65).
44-
No capítulo 5, os autores mostram as origens da Jornada Mundial da
Juventude, criada por grupos progressistas nem sempre identificáveis surgidos
após o Concílio Vaticano II, que têm como objetivo criar uma nova Igreja com
base no princípio da “comunidade”.
45-
Movimentos como o Focolare, Comunhão e Libertação (ao qual o atual
Papa Francisco esteve associado) e Caminho
Neocatecumenal.
46-
A JMJ segue, por exemplo a “fórmula” do Movimento Focolare: bandas,
danças, testemunhos e gritos, seguindo o princípio de “histeria de massa
manipulada” da fundadora Chiara Lubich, que incentivava a “espiritualidade da
união”.
47-
Além disso, os princípios ecumênicos que orientam todos estes movimentos
rumo a uma nova Igreja estão presentes na JMJ. Grande parte dos diretores e organizadores da
JMJ são membros de um dos três grupos citados acima.
48-
No capítulo 6, os autores afirmam que este movimento em direção a esta
Nova Igreja surge com a combinação de forças da maçonaria, comunismo, humanismo
e modernismo teológico.
49-
Um dos grandes expoentes desta nova visão do catolicismo baseada na iluminação
e “experiência pessoal” foi o jesuíta Teilhard de Chardin.
50-
O pensamento de Chardin teve grande influência no jesuíta e teólogo
modernista Karl Rahner, eu defendia que a unidade só poderia surgir com a queda
do dogma da infalibilidade, a flexibilidade no casamento e a defesa da
liberdade sexual (The Jesuits, p. 23).
51-
Karl Rahner foi o mentor intelectual do outro teólogo progressista, Joseph
Ratzinger, que se tornou o Papa Bento XVI, que foi acusado por muitos jornalistas,
insiders e nos documentos chamados Vatileaks de ser homossexual.
52-
Ou seja, a JMJ funciona não somente para trazer um novo catolicismo, mais
atraente aos jovens, mas para conter o avanço das Igrejas Evangélicas e trazer
ao mundo a religião universal, ecumênica e sincretista, dos últimos dias. Veja
o que Alcelmo Góes publicou em sua coluna no Jornal O Globo, sob o título “Tamo
junto e misturado”:
Na Bahia de todos os santos, o pessoal do candomblé torce para que a
visita do Papa Francisco seja um sucesso. Seria uma maneira de conter o
crescimento das igrejas evangélicas, muitas das quais satanizam as religiões de
origem africana... O babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à
Intolerância Religiosa, e Lina D’Oxumarê, sacerdotisa do terreiro Axé Bamgbosé,
terão encontros com o Papa Francisco em sua visita ao Rio.
53-
Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude: sinal da confusão babilônica.
54-
A Cruz Peregrina. Por um lado,
o primeiro símbolo da JMJ, é uma cruz sem o Cristo entregue pelo papa João Paulo
II jovens do Centro Juvenil Internacional São Lourenço em Roma em 1984. Na ocasião,
o papa disse o seguinte:
Meus queridos jovens, na conclusão do Ano Santo, eu confio a vocês o
sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Carreguem-na pelo mundo como um
símbolo do amor de Cristo pela humanidade, e anunciem a todos que somente na
morte e ressurreição de Cristo podemos encontrar a salvação e a redenção.
55-
Isso parece tudo muito bíblico. Mas o segundo símbolo mostra a verdade.
56-
O Ícone de
Nossa Senhora. Conhecida como “Protetora do Povo
Romano”, “Salvação do Povo Romano” ou “Saúde do Povo Romano”, o ícone é o maior
objeto de devoção a Maria em Roma.
57-
Quando entregou o ícone aos peregrinos em 2003, o Papa João Paulo II disse
o seguinte:
Hoje eu confio a vocês o Ícone de Maria. De agora em diante ele vai
acompanhar as Jornadas Mundiais da Juventude, junto com a Cruz. Contemplem a
sua Mãe! Ele será um sinal da presença materna de Maria próxima aos jovens que
são chamados, como o Apóstolo João, a acolhê-la em suas vidas.
58-
O conceito de ícone é muito peculiar no Catolicismo Oriental. Acredita-se
que muitos desses ícones têm poderes mágicos, por terem sido criados por anjos ou
surgido espontaneamente, como é o caso dos Acheiropoieta
(“não feitos por mãos”), como a Imagem de Edessa, o Véu de Verônica, o Santo Sudário
e a Imagem do Palácio de Latrão.
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