sexta-feira, 1 de julho de 2011

Desvendando o original - Longanimidade



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Seguindo nosso estudo sobre os frutos do Espírito, abordaremos agora o quarto fruto: a longanimidade. Em grego, o termo para longanimidade é “makrothumia”, palavra relacionada à paciência e à temperança. Esse substantivo grego é comporto por duas palavras: “makros” e “thumos”. O primeiro termo, “makros”, traz a ideia de “longo” ou “distante”. A raiz de “makros” é “megas”, que pode significar “grande”, “maravilhoso” ou “elevado”. O segundo termo, “thumos”, significa “ira”, “furor”, “indignação” ou “cólera”. A raiz de “thumos” é “thuo”, que significa “respirar intensamente”, “sopro”, “fumaça”, e por implicação, “sacrificar”, “imolar” e “matar”. Dessa maneira, vemos que a palavra grega para “longanimidade” (makrothumia) se refere à pessoa que possui a virtude de ser “tardio em irar-se”, em demorar muito a chegar a irritar-se. Relaciona-se, portanto, a uma mansidão.

Todavia, se analisamos a raiz da palavra “makrothumia”, vemos que ela também pode significar “grande sacrifício”. Isso porque se requer um grande esforço para buscar essa longanimidade que só pode ser concedida pelo Espírito Santo. Além disso, foi através do grande sacrifício de Cristo que tivemos acesso a esse dom, que não é muito praticado ou buscado atualmente. Hoje, em uma época em que o individualismo impera na sociedade contemporânea, valoriza-se, por exemplo, o dom de variedade de línguas, porque traz notoriedade e destaque para aqueles que o manifestam. A longanimidade, porém, não é muito valorizada como critério para descobrirmos se alguém está em comunhão com Deus.

Talvez seja por isso que ocorram tantos escândalos, pois pessoas que manifestam dons estão sendo vistas como santas, enquanto, na verdade, são os frutos que devem usados para saber se alguém está conectado ou não com Cristo (João 15.1-4).

Em hebraico, o termo usado para longanimidade é “orek”, palavra que está relacionada à ideia de “ser longo”, “ser eterno”. Ou seja, a longanimidade é um dom que evidencia que a paciência da pessoa é longa, e isso é um sinal de quem está em verdadeira comunhão com o Eterno, de quem está caminhando em direção à vida eterna. Veja o que está escrito em Gênesis 6.3 conforma a Nova Tradução na Linguagem de Hoje: “Não deixarei que os seres humanos vivam para sempre, pois são mortais”. Ou seja, o homem natural, que não conhece a Deus nem os dons do Senhor, nunca poderá viver eternamente, pois não conhece o dom que coloca o homem em contato direto com o que é eterno: a longanimidade.

A raiz de “‘orek” é “‘arak”, que significa “alongar”. Quando vivemos uma verdadeira comunhão com Deus, Ele prolonga nossa existência, pois aquele que crê no Senhor, ainda que morra, viverá (João 11.25). Jesus foi preparar um lugar onde teremos uma longa e próspera comunhão com ele, pois onde Cristo estiver estaremos eternamente com Ele (João 14.1-3).

Outro termo relacionado a “’orek” é “rak”, que significa “tenro”, derivado de “rakak”, que significa “suavizar” ou “amolecer”, “fraco” (2 Samuel 3.39), “inexperiente” (1 Crônicas 29.1).

Paulo nos deixou bem claro como isso funciona quando disse: “Quando sou fraco, então, é que sou forte” (2 Coríntios 12.10). Aquele que recebe de Deus o dom da longanimidade (‘orek) descobre que a verdadeira vitória está em reconhecer que somos fracos (rakak) e inexperientes, pois assim abrimos margem para que Deus possa agir em nossas vidas e ensinar-nos o que é realmente bom, perfeito e agradável (Romanos 12.2).

Outra palavra derivada de “‘orek” é “‘arek”, significa “lento”. Foi por não conseguir ser lento em agir, mas decidir resolver rapidamente o problema de sua própria maneira, que Abraão engravidou Agar e Saul fez um sacrifício que não foi aceito por Deus (1 Samuel 13.13). A longanimidade (‘orek) não somente torna o homem lento (‘arek) em irar-se, mas também o torna capaz de ter fé suficiente para esperar a ação divina.

A palavra “‘arukah” também é derivada de “‘orek” e significa “reparar”, no sentido de “prolongar a vida”. A longanimidade é capaz de reparar maldições e restaurar vidas. Foi através da longanimidade (‘orek) de Cristo, que suportou com mansidão todas as aflições que lhe sobrevieram, que obtivemos a salvação e foi restaurada (‘arukah) a comunhão de Deus com o homem.

O termo “morek”, que significa “desmaiar”, também é derivado de “‘orek”. Qual é a relação entre longanimidade é “desmaiar”? O significado humano dessa relação está no fato de que a palavra hebraica para longanimidade (‘orek) se relaciona com o termo hebraico para o órgão reprodutor masculino (yarek), pois tem forma alongada. E o homem, quando é atingido em suas partes íntimas, corre o risco de desmaiar. Todavia, o significado espiritual é mais profundo. Quando o homem recebe de Deus o dom da longanimidade, ele aprende a buscar o Senhor e ter paciência e esperança suficientes para aguardar a resposta. Por isso, aquele que é longânimo acaba tendo um encontro com o Senhor, assim como os discípulos que esperaram diligentemente durante dez dias no cenáculo até que foram visitados por uma poderosa manifestação da glória divina. E quando o homem encontra com Deus, ele desfalece, pois não pode suportar o poder da presença divina. Percebam que João possuía essa esperança de ter um encontro tremendo com Deus, de modo que o conheceria não em sua forma esvaziada (Filipenses 2.6-7), mas assim como Ele é, na plenitude de sua glória. Veja como João manifesta sua longanimidade em 1 João 3.2-3:

“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro”. Em virtude de sua longanimidade, João estava esperando encontrar com Jesus e conhecê-lo como ele é de verdade. João perseverou tanto em sua longanimidade que ele acabou encontrando com o Senhor (Apocalipse 1.10-18). O que aconteceu com João quando preservou sua longanimidade (‘orek) e teve um encontro poderoso com o Senhor? Ele desmaiou (morek). Quem tiver longanimidade vai acabar encontrando com Deus assim como o Senhor é, e acabará desmaiando diante da glória do Eterno. Mas Deus o levantará pelas mãos e revelará mistérios que estão em oculto que não conhecemos (Mateus 6.6).

Por fim, temos a palavra “rechov”, também relacionada a “‘orek”, que significa “abrir” ou “rua”. Através da obra redentora de Cristo, que com longanimidade foi fiel até a morte, e morte de cruz, Jesus abriu um caminho (rechov) entre o céu e a terra. Ele mesmo é esse caminho (João 14.6), e quem recebe de Deus o dom da longanimidade (‘orek), acaba conhecendo essa rua (rechov) que segue em direção à eternidade.

Busque o dom da longanimidade, pois assim você compreenderá, através de Jesus Cristo, o que é ter uma vida longa e eterna na presença do Altíssimo.

::Daniel Lopez

Jornalista e doutorando em Linguística na Universidade Federal Fluminense (UFF). É também professor universitário, tradutor e diretor do programa e ministério Desvendando o Original.

www.desvendandooriginal.blogspot.com / @Daniel_L_Lopez / @desvendandoorig / daniel4310lago@yahoo.com.br

Colaborador do portal Lagoinha.com

4 comentários:

  1. Professor Daniel foi tão excelente esta exposição como a temática escolhida (fruto do Espírito). Aproveito a oportunidade para perguntar: Por que Paulo afirma "fruto" e não "frutos"? Um grande abraço e quero lembrar-lhe que já tive a honra de ser um dos seus alunos na Wittenberg.

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  2. Já estou seguindo seu blog muito bom que Deus continue abençoando. Tenha uma semana muito abençoada
    www.blogandodemadrugada.blogspot.com

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  3. Logo que me deparei com este blog percebi sua relevância e tornei-me seguidor, se desejar conheça-nos igualmente, fique na PAZ!

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  4. Respondendo a primeira pessoa
    meu amigo vinha falando comigo isso
    ele me explicou o seguinte so existe 1 fruto q estaria no meio e ao redor desse fruto são os gomos... Resumindo o Fruto do ES faz comq temos Gomos q seria digamos q a consequência por estarmos dando aquele fruto...
    n sei se deu pra esclarecer mais ta ai =]

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