1- O livro
de Samuel se inicia com uma abundante sequência de nomes de pessoas e lugares.
2- E no
decorrer do curso, já vimos que, na Bíblia, nenhum nome ocorre por acaso. Todos
têm um significado especial.
3- Uma das
coisas mais interessantes que ocorrem no primeiro versículo de um livro é que,
muitas vezes, uma determinada palavra ou conceito se repete, e anuncia a ideia
central que governará todo o livro.
4- Isso ocorre
em Números 1.1, por exemplo:
5- “O SENHOR
Deus falou (דבר - daber) com Moisés
no deserto (מדבר - midbar) do Sinai”.
6- Em hebraico,
tanto o verbo “falar” quanto a palavra “deserto” derivam de uma mesma raiz, que
traz a ideia de “ordem”.
7- O deserto
era visto pelos antigos judeus como um local de ordem, ao contrário do caos da
cidade.
8- Falar
também é ordenar pensamentos em palavras e palavras em frases.
9- Assim, a
ideia central do livro de Números é Deus levando seu povo ao deserto (local da
ordem) para ordená-los a fim de que coloquem suas vidas em ordem, já que
estavam contaminados pelos mais 400 anos de vivência no Egito.
10-
No caso de 1 Samuel, a palavra que se repete é “Zofim” (צופים) e “Zufe” (צוף), a primeira, o
plural da segunda.
11-
Enquanto o termo Zofim (tsophıym)
é geralmente traduzido por “sentinelas”, a palavra Zufe (tsuph) significa “colmeia”.
12-
Fica a pergunta: qual é a relação entre a sentinela e a colmeia?
13-
O termo que traz a ideia comum é zepheth, que significa “piche”.
14-
O piche é um grosso liquido usado para vedar as juntas dos barcos para
que flutuem, de modo que a água não infiltre e provoque o naufrágio. Traz a ideia
de tampar as brechas.
15-
A sentinela, assim como o piche, serve para tampar as brechas de um
território, impedindo que algum local fique desprotegido.
16-
O mel das colmeias, assim como o piche, é pegajoso e grudento.
17-
A maioria dos termos derivados da palavra Zufe
traz essa ideia:
18-
Tsaphah: Significa “nadar”,
“inundação” ou “cobertura” (Ezequiel 32.6);
19-
Tsaphtsaphah: Significa “salgueiro” (Ezequiel 17.5). Árvore que cobre um rio, pois
nasce em locais cobertos por água. Ideia de cobertura;
20-
Tsipuy: “revestimento”,
“cobertura” (Êxodo 38.19). Uma placa de prata ou ouro usada para revestir algo;
21-
Tsuph: “Favo de Mel”
(Salmos 19.10). Uma substância grossa e grudente, semelhante ao piche;
22-
Tsânaph: “Cobrir” (Lv
16.4), “enrolar” ou “invólucro” (Isaías 22.18);
23-
Mitsnepheth: “Mitra”,
veste sacerdotal (Êxodo 28.4);
24-
tsâphan: “Esconder” (Êxodo 2.2 – Relata o caso de Moisés
escondido por sua mãe);
25-
Tsaphıyn: “Tesouro” (Salmos
17.14). Aquilo que é escondido.
26-
Essa é, portanto, a ideia central do livro: Deus está tampando as brechas
do povo, de modo que possa preparar o terreno para a vinda do Messias, ou seja,
do rei Davi.
27-
Assim como fez João Batista, cuja missão era “Preparai o caminho do
SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus” (Isaías 40.3; Mateus 3.3), ou
“Preparem no deserto um caminho para o SENHOR, abram ali uma estrada reta para
o nosso Deus passar!”.
28-
Isso fica claro quando Ana, ao agradecer pelo nascimento de seu filho,
exalta o poder do Messias, ou seja, o Ungido:
29-
“Os que contendem com o SENHOR são quebrantados; dos céus troveja contra
eles. O SENHOR julga as extremidades da terra, dá força ao seu rei e exalta o
poder do seu ungido (mashiyach)” (1 Samuel 2.10).
30-
Deus está, neste momento da
história, preparando o terreno para uma grande batalha contra o inimigo.
31-
Isso fica muito evidente na referência a Elcana como um homem que servia
o “Senhor dos Exércitos” (yaweh tseba'oth).
32-
Samuel, o filho de Ana, iria preparar o caminho para a vinda do rei Davi.
Shalom.
ResponderExcluirObgd pelo ensino.