sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Os dias, a relva, o vento


"Quanto ao homem, os seus dias são como a relva; como a flor do campo, assim ele floresce; pois, soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá, daí em diante, o seu lugar. Mas a misericórdia do SENHOR é de eternidade". (Salmo 103.15-17)

1-     Trata-se de uma passagem de reflexão antropológica, uma expressão da antropologia filosófica bíblica.
2-     Antropologia Filosófica: Max Scheler, “O Lugar do Homem no Cosmos” (Die Stellung des Menschen im Kosmos).
3-     Para Scheler, “o engajamento ativo do homem na divindade possibilita o conhecimento dos dois atributos do fundamento de todas as coisas: o espírito infinito (de que procede a estrutura essencial do mundo e do homem) e o impulso irracional (origem da existência e do ser contingente)”.
4-     Antiguidade: Centrava-se em torno do “cosmos” ou da natureza em si estática. Encarava o homem em conexão com ela.
5-     Idade Média: O homem como membro da “ordem” emanada de Deus.
6-     Idade Moderna: Firma o homem sobre si mesmo, mas predominantemente como “sujeito” ou razão.
7-     Pensamento contemporâneo: o homem verificou haver perdido tudo, incluindo a própria personalidade. Encontrava-se, agora, perante o nada.
8-     Deleuze sobre Foucault: “Sobre a morte do homem e o super-homem”.
9-     Nietsche: Homem como uma ponte.
10-                      “Vontade de Potência” e “O Anticristo”.
11-                       A Física Quântica (séc. XX – Projeto Manhattan; Jack Parsons e o “Babalon Working”, Magia Crowleana) e a Genética (séc. XXI).
12-                      Homem (Hb. 'enowsh). Vem de 'anash, que significa “estar fraco, doente, frágil, ser incurável, desesperado, perverso, doloroso”.
13-                      Ao contrário de ‘adam, o humano anterior à queda (aquele cuja força vem do sangue do Cordeiro), ‘enosh expressa o humano na condição de pecador, sujeito é morte, fraco se longe do Criador.
14-                      Dia (Hb. yom). Relaciona-se com ‘ayom, que pode ser traduzido como “formidável” (Cantares 6.4) ou “terrível” (Habacuque 1.7). Cabe anos decidirmos se nossa vida será formidável ou terrível. Isso se chama “livre arbítrio”.
15-                      Mas uma coisa eu garanto: a vontade do Senhor é que todos sejam salvos (1 Timóteo 2.4) e que você vá bem em todas as áreas de sua vida (3 João 1.2).
16-                      Yom (“dia”) relaciona-se com yam, “mar”. Pode ser o mar do esquecimento, quando Jesus perdoa nossos pecados, ou pode ser onde nos afogamos e lutamos contra a correnteza e contra o revolver das ondas.  
17-                      Relva (Hb. chatsıyr). Pode ser traduzido como “morada” (Isaías 34.13). Ou seja, nossos dias são como uma morada, que pode ser vista como uma habitação permanente ou como estadia temporária. Para Jesus, nossa verdadeira morada está nos céus, como em João 14.2: “Na casa de meu pai há muitas moradas”.
18-                      O curioso é que chatsıyr (“morada”, “relva”) se relaciona com chatsar (“tocar”, “soprar” ou “trombeta”) e com chaiyts (“parede”, “muro”).  
19-                      Quando as trombetas da cidade são tocadas como um alerta de uma invasão, os habitantes das vilas e campos se refugiam na proteção das cidades muradas.  
20-                      Ou seja, os dias do homem são como a relva, ou seja, como tocar uma trombeta diariamente anunciando o perigo do pecado e a redenção da humanidade conquistada por Jesus, que se manifestou para “desfazer as obras do inimigo” (1 João 3.8).
21-                       Flor (Hb. tsıyts). Traz a ideia de brilho. Por isso, também pode ser traduzida como “lâmina” (Êxodo 28.36) ou como “asas” (Jeremias 48.9).  
22-                      O curioso é que a palavra tsıyts é usada para referir-se à lâmina de ouro que ficava na testa do sumo sacerdote, onde estava escrito kodesh le yehowah, ou seja, “santidade ao Senhor” ou “separado para Deus”.  
23-                      A pessoa que é como uma flor, frutifica, tem o aroma suave de Cristo e as pessoas veem escrito em suas testas que eles são filhos de Deus.
24-                      O crente que é como uma flor é também como uma lâmina que resplandece a luz divina e que faz o corte entre o santo e o profano, entre o puro e o impuro (Levítico 10.10).
25-                        A palavra tsıyts também pode ser traduzida como “asa”, pois se relaciona natsa’, que significa “fugir”, como um raio que brilha e risca o céu. O crente verdadeiro foge da aparência do mal.
26-                       Campo (Hb. sadeh). Traz a ideia de estar na horizontal. Por isso, está relacionado a sad, que é o tronco onde ficam os prisioneiros presos pelos pés, ou para impedir que escravos fujam (Jó 13.27). Podemos ver a Palavra de Deus como uma prisão, ou como um cuidado do Senhor para que nós, como servos, não nos afastemos de seus caminhos.
27-                       Palavras relacionadas:

28-                       Massad (“fundamento”);
29-                       Sahed (“testemunhar”, “advogar”);

30-                       Passando (Hb. ‘abar). Relacionado com ‘ebrah, “ira”, “indignação”, “torrente”. O vento pode conduzir no caminho e trazer refrigério, mas pode também ser uma tempestade destrutiva, expressão do juízo divino.
31-                       Vento (Hb. ruach). Pode ser traduzido como “espírito”.
32-                       Desaparece (Hb. ‘eiyn). “Deixa de existir”, “se vai”, “torna-se nada”. O cristão fiel será levado pelo vento do Espírito. O joio, pelo contrário, será varrido pela tempestade do Espírito.
33-                       Quando o vento de Deus passa por nós, nos leva, e não somos mais nada para o mundo, pois passamos a existir somente em Deus.
34-                       Conhecerá (Hb. nakar). Relaciona-se com neker, “infortúnio”, “calamidade”, e com nekar, “estrangeiro”, “estranho” ou “alheio”.
35-                      Aquele que tem contato com o vento do Espírito torna-se estranho, para seus antigos amigos, eles não o conhecem mais.

36-                       Lugar (Hb. maqom). Pode significar “posto”, “posição”, “ofício”. 

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